Entre meus dedos tenho o sangue divino, o brinde, a oferenda para Baco
Contra a luz vejo o tinto, o líquido rubro, movimentando-se circularmente percorrendo a transparência do cristal, o perfume madeirado enebria o ambiente, o calor do dia aumenta no momento em que os ponteiros do relógio, pendurado na parede, unem-se, amantes em um só corpo em 60 segundos
Acompanhando o ritual ouço Jamie Cullum, descanso a taça vazia, enquanto encremento os sabores da próxima refeição do dia
No rítmo da desordem dos talheres, da fervura, dos temperos, do fogo, os pratos saem aos poucos, em tons rosa, salmão, vermelho, tinto, rubro, sangue, preenchendo o meio dia
Após o show, o descanso, o descaso, o canto, o sono, o sonho...a porta aberta transporta-me para perto de você, pouco tempo!
Ouço ao longe um telefone tocando, aquele som aumenta enquanto me distancio, DESPERTO!
Aos poucos levanto-me, dores no corpo me mantem deitada, uma luta desvairada dentro de mim acontece para que eu me mantenha saudável, estável, incansável
RESPIRO!
Saio ao ar livre, deixo o vento passar, vejo minha projeção, meu eu, meu inverso, meu verso, inspiração literária, inspiração de vida, de estar viva, de poder, de ter
Risos, sorrisos, sei que estão aí correndo, buscando sonhos, compartilhando alegrias, permita-me chegar, permita-me estar, permita-me passar, apenas me permita
Eu voltarei, eu serei, não mais eu, mais nós, eu e meu inverso
Um comentário:
PHOOO-DAAA!
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