sábado, 31 de julho de 2010

Composições

Foto: Sonia Nepo

Quando a realidade se distrai, as imagens se compõe, o obturador abre-se e conecta diretamente ao portal da emoção, não importa se inicialmente é simples, é demodê ou preto e branco, cada item é harmonizado, são os detalhes que fazem o todo, sejam eles perfeitos para mim ou imperfeitos para você.
Os pensamentos se esvaem, o estímulo elétrico flui até as pontas dos dedos, os sons ao redor tornam-se sinfonia clássica remetendo a uma euforia contida dentro do corpo, as células sanguíneas se divertem com essa movimentação em cada encontro psíquico e ao olhar para meu reflexo no espelho enxergo tudo diferente.
O fascinante é registrar as situações mesmo fazendo parte delas.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Relatório de viagem

Foto: Google imagens

As aventuras continuam por essa trilha íngreme, o ar continua rarefeito, mas as condições climáticas me afetam menos. O condicionamento físico está sendo trabalhado, os treinos estão cada vez mais intensos e a consequência é se tornar uma maratonista para provas de obstáculos.

Confesso mais uma vez... (já estou acreditando que sou absolvida a cada texto, de tantas confissões) Inicialmente surge a aflição, a cada curva da montanha, descendo ou subindo é uma surpresa quase que previsível, há a descrença no treinador e as dores emocionais calejam, ficam apenas as dores físicas. O que é bom!, pois é a certeza de resistência.

Obstáculo inesperado, mas inicialmente contornado, nada como uma boa equipe para que o competidor se sinta revigorado e acredite no seu potencial.

A trilha está apenas começando e a certeza de ultrapassar a linha de chegada é carregada no órgão vital com toda fé que costumo ter. E para proteger os olhos, o bom e velho óculos de lentes cor de rosa.

Amigos de jornada, nos encontraremos por aí, a chuva vem a óbito no horizonte, os rios estão enchendo e muita água rolará debaixo da ponte.

"Inté!"

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mãe com açúcar

Foto: Google imagens


Ser mãe é a sublime forma de amar incondicionalmente um ser e saber que o amor consegue crescer na mesma proporção que ele se desenvolve.

E avó?!
Bom, aí a natureza caprichou muito, pegou a mãe e colocou açúcar. O amor incondicional trouxe uma condição, não enxergar os erros dos netos.

No mundo dos avós os netos são reis, as leis não existem, ou melhor, uma lei existe: "faça o que quiser, porque aqui você pode tudo".

Lembro-me quando tinha 5 anos e íamos visitar minha avó, existia um móvel enorme de madeira que cheirava a guloseimas. E aí imagina de quem era a festa?
Bolachinhas de goma, chicletes, chocolates e suco de uva, eu nem precisava falar, parava na porta e fazia aquela carinha do Gato de Botas do filme Shrek.

Atualmente tenho apenas uma avó, uma mulher doce, paciente, guerreira, que pinta seus cabelos, que cheira a colônia de bebê, que acredita na Igreja como instituição religiosa e direciona as suas orações aos filhos, aos netos e bisnetos. Uma criaturinha muito meiga que fica feliz quando nos reunimos na sua casa, chora quando nos preocupamos com ela, sorrir quando eu a encho de dengo.

Confesso! Mãe é bom, mas avó é muito melhor...

Feliz Dia da Vovó!

domingo, 25 de julho de 2010

Conte uma história

Foto: Google imagens


Conte um história na LUA CHEIA,
deseje ser o principal. Porque a
vida tem muitos coadjuvantes

Conte uma história impossível,
deseje torná-la real. Porque de
fantasias vivem as crianças

Conte uma história engraçada,
deseje torná-la radiante. Porque de
cinza basta o céu quando há prenuncio de chuva

Conte um história agradável,
deseje que todos ouçam. Porque ter
o que contar, sem ter para quem. Perde a graça!

Conte uma história agitada, cheia de altos e baixos
deseje que contenha melancolia, tristeza, alegria e felicidade.
Porque sem esses ingredientes não podemos fazer escolhas, ficamos engessados

Apenas, conte uma história.
Porque só quem tem a criatividade de contá-las
tem a percepção de vivênciá-las.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Porta Aberta

Foto: Google Imagens


Pode entrar! Seja bem vindo!Inexplicável como entre tantos caminhos e entre tantas possibilidades você literalmente me achou, a sensação de um “Déjà vu” acompanha nossos encontros, ouvir sua voz acalenta minha alma, o seu olhar traz a certeza de que por diversas vezes fui lida, decodificada e a cada mensagem recebida, a irrigação enérgica do meu corpo transforma-se em uma corrida de Fórmula I.

Olhei pela janela e vi uma imagem turva, nada condizia com que eu enxergo agora, arriscaste em apostar e eu é que ganhei, por isso permito que entre e tento te fazer sentir-se a vontade.

Sentados, em pé, encostados, abraçados, na rua, no carro ou em casa conheço muito de você e naturalmente você conhece a mim. Um pedaço em que conto, outro pedaço em que escrevo e outro em que palavras não são necessárias.

Sei do agora e prefiro pensar que os meus dias são construídos nessa linha, pois, deter o poder do amanhã é tentador e com toda certeza eu não o possuo e nas imperfeições de ser o que sou e de ser o que és, está o gostoso de partilhar e de vivenciar qualquer coisa que nos submetermos.

Então...C'est la vie...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigos & Amigos

Foto: Google Imagens

Amigos

Para os imaginários que nos acompanha dividindo nosso brinquedos;
Para os interesseiros que enfatizam nossa importância de ser popular;
Para os ouvintes que estão a postos em qualquer situação;
Para os conselheiros de plantão;
Para os bombeiros que nos tiram do fundo do poço em uma depressão;
Para os coloridos que além de colo rola uns "beijinhos";
Para os virtuais que podemos contar tudo sem pudor;
Para os de infância que partilharam a inocente fase da vida;
Para os confidentes que guardam seus segredos mais sórdidos;
Para os do trabalho que te apoiam na sua segunda casa;
Para os da escola que se aglomeram e fundam tribos;

Para todos os amigos de qualquer maneira, de qualquer formação, de qualquer parte da vida ou da vida inteira.

Feliz dia do Amigo!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Choros e velas

Foto: Google imagens

Quando a incerteza do que fazer confunde as vontades da razão, o coração atordoado sofre.

Buscamos um ponto que nos equilibre, um porto seguro, um lugar que seja a projeção do nosso interior para que as decisões tornem-se claras, ficamos confusos, buscamos respostas nos martirizando e aí o vazio aparece, é como se alguém arrancasse um órgão vital e você assistisse tudo paralisado e o sangue jorrando, é como se desligassem as luzes coloridas e o breu fosse cortado por uma vela, você tem a certeza de que algum momento isso vai passar, você deseja que seja breve, mas ao mesmo tempo tem medo de que aconteça de novo e de que entre um sonho e outro, um pesadelo salgasse a sua noite.
Se entrega em um melancolia profunda, você chora para que a dor seja levada pela enxurrada de lágrimas, você perde a voz para que evite balbuciar o nome do seu amor que se foi, você se tranca em um quarto escuro para que o colorido do mundo não desperte inveja ao seu sofrimento e as coisas se tornem pior. Sinto-me sensibilizada com sua dor, desejaria teletransportar para onde você está e partilhar de apenas um abraço acolhedor para que essa dor que sentes pudesse ser dissipada, gostaria de contar boas novas para que vibrasse comigo e que esquecesse por alguns momentos a sua angustia, gostaria de ligar o botãozinho daquela amiga "arretada" e valente que enfrenta qualquer um, mas infelizmente são só desejos meus, sei o quanto é difícil tentar mudar a situação então acenda uma vela agradecendo tudo que tens e saiba que se estiveres lá no fundo daquele poço sombrio, que conhecemos tão bem, arranjarei uma corda para te trazer de volta.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Madrugada insone

Foto: Ade

Um olhar, um sorriso.
Algumas palavras por e-mail e o suficiente para crer que és uma pessoal especial.

Acreditar?
Sonhar?
Curiosidades?

Não detenho o poder de explicar.
Pode ser a energia desde o momento que os meus olhos não viram, mas que o obturador da máquina percebeu quando se pôs a frente do meu foco.
E agora?
Pergunto com aquela interrogação enorme de revista em quadrinhos.
E agora?
Quem és tu?
E quem sou eu diante de ti

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não!

Foto: Google imagens

Frio em Salvador?
Não! Pretexto para ficar agarradinho.

Fim de tarde atrás do Farol?
Não! Possibilidade de um ato romântico para impressionar.

Céu nublado?
Não! Um véu que abrilhanta o rei Sol.

Música espanhola?
Não! Trilha sonora para ouvidos sensíveis.

Poema?
Não! Dedos compulsivos que escrevem ditos de um coração cego e entre esses mesmos dedos a brasa de um consumo de pensamentos conspiradores.

Pupilas dilatadas?
Não! Obturador aberto para maior intensidade de luz.

Chuva a caminho?
Não! Um banho para lavar a alma.

Intervalo de trabalho?
Não! Minutos da areia do tempo derramadas em mãos que sabem aproveitar.

Companhias?
Não! Transeuntes apaixonados, sozinhos ou acompanhados.

Silêncio?
Não! Suspiros da brisa do mar.

E assim descrevo o mesmo lugar de dias desiguais.

sábado, 10 de julho de 2010

Se eu mudasse agora?

Foto: Imagem do Pequeno Príncipe


Nenhum mundo é tão pequeno que não possamos reinventá-lo.

Por conviver com pessoas mais velhas, por trabalhar diretamente com o público, por sair na rua e recolher olhares parei para rever o que acontece comigo, tenho consciência que posso ser qualquer coisa, em qualquer momento, mas meu rosto de menina não mudará, só com o passar dos tenebrosos anos, que sinceramente, não tenho medo, tenho medo sim, de partir em uma viagem sem volta, em uma viagem para o incerto.

Hoje olho diariamente para o espelho ao acordar, eu mudei muito, mas essas mudanças o espelho não reflete, para aqueles que não possuem a juventude estampada no rosto, desejaria escutar o que ouço, mas para mim é cansativo, soa como irresponsabilidade, como se tudo que eu vivi não pudesse contar como experiência, o lado bom é que aqueles que tem oportunidade de me conhecer consigo superar as expectativas, penso que por esse motivo resolvi fazer um blog e compartilhar o que penso, o que vivo e o que sinto. Aqui sou o que sou sem precisar ser julgada pela aparência de menina. Muitos amigos nunca saberiam de histórias do meu passado se eu não as escrevesse.

Estou a me perguntar e repensar algumas palavras ditas pelo meu pai, por dois amigos e por alguns olhares. Se eu mudasse agora surpreenderia, a compensação é que eu seria levada a sério, mas o preço a se pagar é que a doçura de ser "moleca" desapareceria, a espontaneidade de ser artista não estaria nas roupas, a criatividade de se divertir estaria guardada naquela caixinha de música com a bailarina quebrada.

A lei da compensação é dura e não possui brechas, e agora?!
Me incomoda, mas é suportável.
Diante da balança da decisão, a indecisão impera e eu tenho pouco tempo para tomar um atitude e assumir um posto diante da sociedade hipócrita que me rodeia.

E sabe do mais?
Não tem MAIS nem menos .


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Eu, o Farol e o Sol em um poema de rimas pobres

Foto: Google imagens

Depois de você enxergo o curso do vento
no ir e vir das ondas em movimento

Enquanto estou aqui, transformo-me
no rítimo acelerado do ato de se pôr no horizonte
em agonia e em tormento

Aos poucos os espectadores vem chegando para o grande momento
o Sol beijando o Mar em um sério relacionamento

Penso!
Tento!

E um poema venho escrevendo
demonstrando o que vejo, o que sinto
retrato então um cotidiano no meu pensamento

Sinto falta das cordas de um violão
melodiando canções
e assim vou compondo
uma miscelânea de emoções

Confesso!

Pode parecer clichê o que escrevo
mas os solitários andantes vêem o dia a dia
na felicidade ou na melancolia
travando uma guerra entre ser e estar
em uma tempestade fria.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Por que sinto-me segura aqui?



Já fiz essa pergunta diversas vezes, é impressionante como o ser humano procura um "porto seguro" para fincar o passado e construir o presente pensando no futuro.

Quando estou triste ou irremediavelmente feliz, quando a melancolia consegue ultrapassar o meu esforço de evitá-la, quando quero pensar em algo ou quando me perco, é aqui que consigo me encontrar, é aqui que na minha introspecção tenho acesso livre sem precisar de credencial para validar a minha passagem.

Daqui de cima a energia que circula é sensacional, o mantra entoado pelas ondas que acariciam as pedras na praia, o Sol que se apaga no horizonte, o céu multicolorido saturado de tons quentes no entardecer, os casais compartilhando seus sentimentos em um sorriso, em um beijo, em um carinho ou notavelmente em um olhar, conseguem despertar em mim a crença diária que ainda existe o amor.

O dia mais uma vez despede-se, o vento frio do mês de Julho bagunça meu cabelo e ao mesmo tempo acaricia meu rosto envolvendo-me em um aconchego maternal e sinto-me tão a vontade em transpor minha miscelânea de sensações íntimas que fico sentada apenas observando.

E digo mais, o que me traz aqui diariamente em um curto espaço de tempo que tenho, é apenas a contemplação dos dias passando. Com um caderno em branco coloco-me a pensar que muita coisa mudou, que por mais que eu seja a menina de olhos negros, a pérola da concha, eu admito que mudei.

Queridos companheiros de jornada, as estradas são tortuosas, por muitas vezes o acostamento não existe, as sinalizações foram cobertas pelo avanço da mata, mas o gostoso e divertido dessa viagem é descobrir novos caminhos quando paro para contemplar o que de belo a vida pode me oferecer.

domingo, 4 de julho de 2010

De pernas para cima

Foto: Carla Palmeira


No aconchego de um quarto quentinho, visto minhas meias, coloco as pernas para cima e por alguns minutos faço uma viagem alucinante, o som da chuva lá fora vai diminuindo ao modo que vou entrando em transe.

Olhando para o teto o tempo passa rapidamente, posso ter ficado horas na mesma posição, a melancolia de alguns dias atrás diminui e a turbulência de preocupações tornam-se amenizadas, apesar do dia cinza consigo enxergar o colorido de uma tarde que vai embora, dando lugar a uma noite silenciosa.

Apesar de ser doce por muitas vezes, faço-me lembrar que não sou feita de açúcar e por isso saio do transe, tomo um banho "quase" frio e vou para a rua, os pares de meia me esperam, mas o reencontro com amigos é o que me dá a certeza de que sozinha nunca estarei.

"Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo a gente sente! Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar. Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende. Amigo a gente entende! Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar. Porque amigo sofre e chora. Amigo não tem hora pra consolar! Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade. Porque amigo é a direção. Amigo é a base quando falta o chão! Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. Ter amigos é a melhor cumplicidade! Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!" (Machado de Assis)