segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Passarelas

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Muitas vezes andei por aqui e era tentador ver os carros passarem apenas por este ângulo.
Parava e olhava fixamente lá embaixo, o barulho da velocidade ensurdecia-me e como imã sentia a atração, era como se eu tentasse me libertar dos pesares do mundo e a única forma era voar sem ter asas.
A tristeza e a melancolia eram disfarçadas atrás daqueles cabelos negros jogados no rosto dentro de um boné, eram equilibrados em botas grosseiras típica de polícia militar e o vazio das roupas folgadas no corpo escondiam quem estava ali.
Nunca tive coragem de fazer tal besteira, mas pensei e só de pensar torno-me fraca e foi assim que comecei a encarar as rasteiras que são dadas pela vida no intuito de selecionar os fortes.
Ontem atravessei aquela bendita passarela e minha reação foi apenas sorrir, pelo simples motivo que desde aquele pensamento muita coisa aconteceu, cai muitas vezes e levantei na mesma proporção, às vezes cambaleante, às vezes em tropeços, mas levantei.
E agora?
Parece que foi em vão, pergunto-me por quantas vezes terei que passar por isso e ser compreendida por poucos, pergunto-me quantas vezes terei que retornar para concha para que as coisas andem perfeitamente por um lado e pelo outro lado seja apenas esquecido?
Essa é a palavra, cansaço é só isso que sinto
Cansei de ser perfeita, cansei de ser bonita, cansei de ter talento, cansei de ser responsável, cansei de ser filha, cansei de ser amiga, cansei de ser confidente. Só tenho força e coragem de ser mãe, porque ele ainda depende de mim e é difícil se cansar de algo intrínseco em você.
Cansei!
E com isso veio a desistência, o jogar a toalha no meio de uma luta de boxe, o soar o gongo porque caí e não quero levantar, o parar e começar a descer a montanha porque não quero continuar pois a pressão está deixando o ar rarefeito, a garganta seca e os olhos não param de lacrimejar.
Mas mesmo com tudo isso existem pessoas que encontramos pelo caminho e nos mexe, nos faz acordar e se não acordamos pelo menos refletimos, fiz isso, ou melhor continuo a fazer e ainda penso no desafio, porém me jogar daquela caixa d'água e depois ver onde vai cair está me dando medo, um frio na barriga, uma confusão e tudo misturado.
E a dúvida, o "não sei se" está me consumindo na mesma intensidade que o fogo consome o carvão no vento.
Passarelas, ligações que saem de um ponto que você conhece para algo que você quer ir e que te mostram a vida correr lá embaixo.
Que momento eu resolvi atravessar...

Um comentário:

Fabi disse...

É incrível como me identifico com suas palavras. Em um determinado momento da minha vida senti issso e esse cansaço se transformou em crises de pânico.
Se está cansada, jogue tudo pra cima mesmo! Desistir também é um direito.