terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O fim de mais um dia

Foto: Marcelo Santana


Venho todos os dias aqui.
A cada dia sinto-me pertencente a este lugar, este cantinho do mundo que me salva com o entardecer no horizonte.
O Sol se despede encostando sua face ardente nas gélidas águas cristalinas que banham o Farol, e nestes segundos de amor sem fim desejo estar nas velas daquele barco que vejo deslizar.
Transeuntes circulam em meu lugar de resgaste, cantam, encantam, conversam, sorriem e miram. Apreciam o pôr do Sol e sentados na grama contemplam o espetáculo de beleza que é pintado diante de si.
Com o olhar perdido, buscam, no ir e vir da maré, em outros olhares um afago, uma companhia para compartilhar momentos sublimes tal qual os segundos do anoitecer pode proporcionar.
E assim surgem palavras que são levadas nas asas do bem-te-vi que eu vi cantar solitário a espera do retorno da sua amada.
Surgem pensamentos de um universo coletivo trazidos pela brisa.
Surgem imagens imobilizadas por piscar de olhos ou imortalizadas em um "click" de uma máquina.
Surgem lembranças de bons momentos e morrem no apagar das luzes com o sabor de consumo entre os dedos, virando cinzas em uma pira natural para renascer no amanhã de outro sol.

E lá se vão as velas com os ventos, deixando-me na margem a observar.
E lá se vão meus pensamentos, deixando-me com a caneta na mão.
E lá se vão minhas ideias, deixando-me com o rascunho.
E lá se vão sem mim...

2 comentários:

Anônimo disse...

que lindo, adorei o texto e mais ainda a foto...




Carole

Kiwi disse...

O lugar já é encantador, lendo esse texto, então... A vontade é de correr e ficar lá sentindo tudo que foi descrito!