quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Reclusão da Lua

A Lua que estava reclusa e pálida
Pediu sutilmente ao Céu, permissão para pensar nele
Baixinho como em um suspiro
Ela confessou!
Que mesmo no momento em que havia abdicado de tê-lo e de vê-lo
Ela não o deixou
Não permitiu que o seu coração te esquecesse
Não renunciou seus pensamentos

Sucumbir na irresistível opção da desistência de tudo e todos?
NÃO

A Lua é persistente, até nos erros ela é firme e insiste
Contudo, ela apenas permitiu
Facilitou que a ilusão de estar a todo momento com o Céu, fosse embora nas asas daquele avião e abriu um caminho obscuro para uma estrela do mar, que antagonicamente a conhecia tão bem
Conseguia traduzir o seu olhar e compartilhava de dores parecida, entretanto, Infelizmente ou felizmente,a estrela do mar optou pelo retorno a imensidão do seu espaço e nas costas de um peixe grande, que trazia em seu dorso a direção, partiu
Fugiu para nunca mais voltar
A Lua, por muitas vezes registrou sua indignação com relação ao comportamento humano, decisões e indecisões
Por muitas vezes manteve-se escura em noites de brilho
Banhou-se em lágrimas derramadas que corroíam as crateras de sua deformação
Preso nas asas do cego Assum Preto, que levava contigo, na melodia de suas canções, cortando o horizonte e despedindo-se daquele dia, encontravam-se os seus pensamentos
E naquele pedacinho do mundo
Um violão, amigos que não eram seus, casais desconhecidos e famílias
Uma louca de óculos escuro e um torço na cabeça interrompe a solenidade do pôr do Sol procurando por alguém que pudesse ceder uma bateria, e na correria contra o tempo, a louca consegue uma alma bondosa para perder segundos e doar-lhe a eternidade do fim de tarde
O Sol despiu-se das nuvens e no mar perdeu-se em seu corpo
Ao longe via-se as nuances do pássaro negro
A Lua partiu, e ainda pálida recolheu-se
Hoje ninguém a verá, passará despercebida
Triste, magoada e sozinha
Ela e a constelação que te acompanha

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