quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A própria arte

Foto: Google imagens

Respiro inspiração e expiro palavras
Desenho desejos e sorrio paixão
Enxergo o colorido de Monet em tons pastéis quando a tarde cai
Ouço a composição de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli quando "o barquinho" ronca em alto mar
Vejo as figuras de Caribé que acenam do alto do farol, dançando contra luz entre um vendendor de coco e um transeunte baiano tilintando os seus colares

Sinto o cheiro do mar na mistura do aroma do acarajé
Sinto a vontade de cantarolar no batuque da capoeira
Sinto vontade de sumir nesta imensidão do mar e nela dissolver em amor para nunca mais voltar

E a cada minuto que o astro rei despede-se do hoje para despertar amanhã, nunca do mesmo jeito, sempre diferente, mas da mesma maneira, consigo despertar sensações e me pego a pensar por quantas vezes estive aqui, por quantas vezes sento neste mesmo lugar e olho o horizonte, como se todos os dias fosse uma despedida sem fim

Não me vejo impossibilitada de ver o mar
Não me vejo sem poder sentir o seu cheiro
Não me vejo sem ao menos banhar em ti e me perder em suas águas

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quando



Foto: Carla Palmeira


Quando se tem muito a dizer e as palavras não conseguem se organizar
Quando um sorriso tímido nasce no canto dos lábios e cresce por um único pensamento
Quando uma melodia toca tão fundo que parece despertar as borboletas adormecidas no estômago
Quando tudo torna-se colorido e é perceptível as linhas perfeitas do arco íris
Quando o olhar se perde no horizonte e segue o pôr do sol
Quando o tempo se arrasta só para "sacanear" o desejo de ter e ser
Quando e só por um momento, adormeço pensando
Posso ter a certeza que vale a pena, só pelo simples fato de poder ter o prazer de sentir tudo de novo de forma diferente
De cores vivas
De melodias ricas e rimas pobres ou vice versa
De arte ou de diversão
De amadurecer ou se infantilizar
De poder calar e apenas observar
De sentir e vibrar
De ouvir e sorrir
De curtir e esperar e calmamente colocar os passos em ordem, sem planejar, sem pensar no que será
Somente desejar

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cada arte guarda o segredo de sua existência

Foto: Ade_Zeus

Adoro quando me perguntam o que cada desenho gravado em diferentes partes do meu corpo significam para mim.

Gosto de "filosofar" sobre o "por quê" de cada detalhe da minha vida, para aqueles que desejam ouvir, pois cada ciclo vivido é recheado de aprendizado e consequentemente crescimento pessoal.

Lembro-me bem que eu era diferente desde criança, não me achava especial por isso, hoje tenho outra ideia, sempre menosprezei meu potencial, mas tenho melhorado bastante (risos).

Para uma criança de 7 anos os desenhos da Disney eram tudo, naquela época, para mim também, porém muito melhor eram os filmes clássicos em preto e branco ou os musicais, poderia citar infinidades de filmes que amava, mais o papo hoje não é esse, fica para a próxima...

Bom, pulemos para os meus 15 anos, debutante rock in roll (risos), totalmente rebelde, sem festinha com valsa, sem sapato de salto e sem vestido rosa, totalmente de preto, algumas mechas azul no cabelo, um coturno para completar o estilo e minha linda avó pedindo que eu colocasse uma roupinha mais clara...tsc tsc tadinha! A única coisa que eu queria de presente era a autorização dos meus pais para minha primeira tatuagem...não consegui, nem fazendo a carinha do gato de botas.

Esperei três longos anos, mas valeu a pena, aos 18 anos passei por uma experiência extraordinária de autoconhecimento, reclusa durante 7 dias pude reviver e trabalhar os meus pesadelos e quando voltei desta viagem fiz a primeira tatoo, um ideograma japonês que significa uma etapa no meu crescimento, CORAGEM. Quando ouvi a maquininha zunindo perto do meu ouvido, tive a certeza que pelo menos mais algumas viriam completar minha coleção de arte.

Quando meu irmão viu, enlouqueceu, queria uma também, eu cheguei a desenhar para que ele fizesse, eram asas de um anjo em tribal, infelizmente ele não chegou a fazer, foi embora antes, demorei mais sete anos para poder fazer a segunda tattoo e já tinha em mente o que eu queria, dois anos após a sua partida ganhei um presente, meu filho, aí só tive a certeza de que o desenho era perfeito para os dois, tatuei um ANJO.

Passaram-se alguns anos e resolvi trazer algo que começava a florescer em mim, a Deusa a quem eu sempre segui, a que eu inconscientemente saudava todas as noites, a Deusa que me inspira até hoje em grandes dificuldades, tatuei a DEUSA DA LUA CRESCENTE, Diana, a guerreira, a caçadora e que ao mesmo tempo, consegue ter a beleza delicada e serena.

Devido algumas transformações decisivas na minha história, sentia a necessidade de fechar um ciclo. Gritar palavras não fariam os mesmos efeitos do que suportar a dor de transformá-la em imagem, ressurgindo das cinzas, começo a parte de um dos desenhos mais representativo neste momento, a FÊNIX...

E assim são os ciclos, sempre ímpar, pois o par é a perfeição e o perfeito é a nossa eterna busca, ou seja, virá mais uma, não sei quando, não sei como e nem sei o que...





domingo, 15 de agosto de 2010

Em queda livre

Foto: Google imagens


Sem nenhuma instrução entrei naquele avião bimotor, o barulho ensurdecedor fez com que eu ouvisse apenas o que ocorria dentro de mim.

Coração acelerado, respiração ofegante, vontade de falar milhões de coisas, a expectativa de que tudo dê certo e uma interrogação enorme de como saber, se a etapa do treinamento eu faltei? Será um pulo sem instrutor, nos filmes parece fácil, as imagens vão e voltam e junto, o monstrinho "medo" tenta boicotar a velocidade dos acontecimentos, induzindo a arrumar a mochila diversas vezes.

Pronto! O avião decolou, não há volta, para chegar a terra firme novamente somente pulando. Tanque cheio e o avião sobrevoava o mar, uma imensidão entre o verde e o azul, enigmática e que ao mesmo tempo transmitia paz, o céu claro embelezava qualquer dia cinza e sentada, eu aguardava o comando, dentro do avião, somente eu e o piloto.

Em alguns momentos o piloto desligava os motores para sentir a adrenalina de planar em silêncio, agarrada a porta do avião, não racionalizei, me joguei em queda livre.

Sinto a pressão, os ouvidos tampados, o coração acelerado, o sangue correndo nas minhas veias, o passado em preto e branco projetado diante de mim e a sensação gostosa de estar voando.

O relógio marca o tempo, e o que parece uma eternidade corre em segundos muito mais rápido.

Estou em queda livre, me avise se devo puxar a corda, e só assim deixo de cair para começar a planar...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Quando se tem o que contar

Foto: Sonia Nepo

Viver

Ter a sabedoria de envelhecer, a beleza das linhas que contornam seu rosto, a alegria de superar as dores, a descoberta de si a cada etapa é uma dádiva.

Saber aproveitar os momentos, agradecer diariamente por estar vivo e fazer do dia o melhor que possa ter.

Queridas "meninas de Lucinha" a satisfação de registrá-las e eternizá-las em uma foto, de mostrar que são belas na plenitude da vida me engrandece como pessoa, me realiza como espírito, me satisfaz como alma e me enobrece, a emoção de conhecer cada história, de saber dos seus medos, dos seus desejos, das suas frustrações, das suas alegrias, coloca-me em um patamar de pessoa privilegiada em poder ter ouvidos sadios para escutá-las.

Obrigada por existirem em minha vida...









segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Por que o pouco que quero é muito?

Foto: Google imagens


Uma das minhas maiores imperfeições aflorou ao acordar.

Os hormônios gritando, resolveram organizar uma rebelião e o resultado deste conflito no primeiro dia de guerra trouxe inúmeras consequências ao estado de humor ao qual me "desencontro".

Sensibilidade a flor da pele. Acordei com raiva, passei a manhã agarrada ao meu pequeno príncipe porque a carência havia colocado a raiva de castigo, no fim da manhã, embaixo do chuveiro, a carência saiu correndo, vai ver ela tem medo de água fria, deu lugar a impaciência, que com alguns exercícios: "cheire uma rosa e sopre uma vela..." Ufa! Ficou bem pequena e o silêncio se fez.

Cheguei! Em alfa?! Não! Cheguei ao trabalho sem emitir nenhum som, tudo na rua era cinza.

Cafezinho no intervalo, passeio no shopping com meu pai e uma vontade de chorar. Colocar em prática o que estou fazendo neste exato momento...chorar palavras, chorar sentimentos, chorar desespero, chorar medo, chorar lágrimas salgadas, chorar...

E no meu próximo dia de folga eu queria apenas um dia sem pensar, um dia sem estar em casa, um dia sem celular, um dia de risadas frouxas, um dia de pessoa irresponsável, um dia em frente ao mar, um dia de atenção, um dia de silêncio, apenas um dia...

Pode ser que amanhã esta guerra termine e que tudo volte ao normal ou pode ser que a guerra continue e eu não deseje nem ter um dia.

TPM é assim, a contradição da contradição...vai entender!