As vezes o coração aperta e as lágrimas escorrem, mesmo fazendo esforço para que elas não saiam, em vão, elas escorrem e demonstram a saudade que sinto da ilha, de passar o tempo na introspecção, ouvindo música, o ir e vir das ondas do mar, o vento nas folhas, a brisa no rosto no fim da tarde.
Sinto falta de estar lá, acordar todas as manhãs com o canto do galo do vizinho, dos micos entre as telhas esperando minha tia alimentá-los, dos passos do cachorro gordo chamado Nick que arrastava-se pela casa com a respiração ofegante e vinha de mansinho cheirar meu pé, do cheirinho bom de café feito na hora e coado em coador de pano, do pãozinho quentinho recém chegado da padaria ao qual eu fazia questão de ir pedalando, das mangas e caju tirados do quintal em árvores que eram batizadas por nomes de personagens de novela
Sinto falta de madrugar na praia para ver os pescadores saírem, das caminhadas com o cachorro e com minha tia ao longo da areia, das braçadas até o barco e dos saltos ornamentais, da chegada dos pescadores, das puxadas de rede, do almoço reforçado, da risada gostosa, das cruzadinhas de fim de tarde, das sonecas na rede, do jogo de baralho no inicio da noite, do sorvete na pracinha, das fugidas até Aratuba ou Cacha Prego para as festas, das bebidas no meio da rua, do som improvisado na praça, da "paquera" de adolescente, das lotações para voltar, das caminhadas em noite de Lua Cheia, de conversas na porta de casa, de silêncio, de relaxamento, de paz.
Como era bom estar fora da cidade grande, como era bom conviver com os meus pensamentos sem ser interrompida por uma buzina de engarrafamento, por um grito de assalto, por luzes ofuscantes no meio da rua, por brigas desnecessárias
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