quarta-feira, 31 de março de 2010

O que vejo e o que sinto

Meninos da ponta da pedra
lançam esperanças ao mar
e com boas itenções eles esperam fisgar

Meninos do farol a brilhar
na "malemolência" dos seus corpos
colorindo a imensidão azul

Varas flexiveis para resistir
a força inesgotável do mar
e assim se vão

Nos caixotes estão
as esperanças, a paciência, as iscas e
o arpão

Meninos da ponta da pedra
Meninos do farol a brilhar








sexta-feira, 26 de março de 2010

Mais uma vez em meu refugio

Ouvindo as ondas estourarem nas pedras,
me perco em meio ao horizonte entrando em transe com a melodia ritimada do mar
passos ao longo do caminho de terra rompem a minha introspecção
os passaros anunciam que o Sol está se pondo, sim, por incrivel que pareça, após uma chuva torrencial pela manhã com direito ao dueto temido: Trovão &  Raio, nesse fim de tarde, ele, o astro rei, aparece para aquecer os solitários
Aqui, neste banco de madeira, é um dos lugares que me sinto bem, que consigo entrar em contato com o meu "Id"* em estado consciente
O mar é a conexão mais próxima da plenitude de estar bem e hoje o meu pedido para parar o mundo recebe outra conotação, nada de desespero ou de descrença no outro, desta vez é para eu ter mais tempo de contemplar tanta beleza que lubrifica meus olhos e alivia meu coração.
Agradeço aos deuses pela oportunidade de ter a possibilidade de apreciar esta dádiva e assim me permitir ter a ousadia de descrevê-la.

*Id: é o termo usado para designar uma das três instâncias apresentada na segunda tópica das obras de Freud. Possui equivalência topográfica com o Inconsciente da primeira tópica embora, no decorrer da obra de Freud, os dois conceitos, Id e Inconsciente apresentem sentidos diferenciados.

Entendeu?! rsrsrsrsrs












domingo, 21 de março de 2010

Sou uma laranja inteira



Detesto as coisas pela metade
Não se faz suco com a metade de uma laranja,
não se diz grande coisa com meias palavras,
não existe estar realizado pelo meio, pois os desejos são inteiros,
não se rema um barco com meio remo, na canoa pode até ser possível porque estará mais perto do espelho d'água

Cansei de cobranças infundadas
não tenho pressa, estou tranquila
estou abrindo aos poucos as comportas da represa para que gere energia suficiente e não em demasia
Tenho a mim a melhor companhia,
posso partir só em qualquer jornada
confesso que não sou auto suficiente e nem pretendo ser
prefiro somar do que subtrair

Então queridos amigos, relaxem!
Quando chegar a hora farei um bom suco de laranja
e vocês serão os primeiros a saberem se o suco está doce ou amargo, qualquer coisa usa-se açúcar e mexe bem, nada é tão difícil que não possamos dar um jeito.

sábado, 20 de março de 2010

Colcha de retalhos

Emenda daí que eu emendo daqui e assim vamos emendando

Quando desanda, desatamos, descosturamos para no dia seguinte analisar como vamos consertar
As vezes deito no sofá para pensar e adormeço, mais nem sempre teve sofá em casa e então o refúgio era esperar você dormir para voltar
No dia seguinte o tempo empurrou para trás o que se passou e então pega-se aquela velha linha e costura do outro lado e emendamos mais um pedaço

Emenda daí que eu emendo daqui e assim vamos emendando

Quando se termina, emendamos uma vida, a minha na sua e a sua na minha
é hora de lavar a colcha para tirar a poeira e assim poder respirar melhor
mais ela está desbotando, descolorindo, rasgando, se der emenda daí que eu emendo daqui, se não der...o sofá não dará jeito, esperar você dormir não valerá mais a pena, é hora de partir, posso levar a colcha ou deixá-la com você, mais sempre será nossa colcha e não tem como mudar, você pode ignorá-la e até mesmo esquecê-la
Guardei a colcha para lembrar sempre que de tanto emendar daqui e daí estou a produzir uma nova colcha de retalho, muito mais colorida, muito mais funcional e agora espero produzir novas colchas sejam elas pequenas, grandes, médias ou apenas fronhas para aquecer as orelhas.

E assim todos continuam a emendar daí, daqui, de lá ou de cá

quinta-feira, 18 de março de 2010

Clown



Tens o dom de me fazer sorrir
De falar poucas palavras no instante momento em que a tristeza se aproxima
Conquistar meu coração com um sorriso maroto e um olhar gentil
Silenciar a voz , tagarelando os braços e pernas
E em um simples Adeus dizer o que dezenas de letras não conseguem expressar

Um dia eu fui assim...

terça-feira, 16 de março de 2010

Borbulhas da idade

Cabeça fervilhando, estou tentando entender os diferentes comportamentos de um indivíduo, seja ele eu ou você, mulher ou homem.
O ser humano cria diversos cenários para viver específicas etapas da vida, quando criança aprendemos com os desenhos, com os livros que podemos ser personagens diferentes em circunstâncias adversas, quando crescemos e nos transformamos em pré adolescente deixamos de lado o mundo infantil de monstros invasores, de guerreiros agressivos e heróis para entrar no mundo da afirmação, de posicionamento na sociedade, de mostrar aos adultos que podemos entendê-los e ajudá-los, que não precisamos sair da sala enquanto eles conversam sobre política, economia, sexo ou quando se exaltam.
Então chega a adolescência, questionamentos a mil:
Por que sou magra?
Por que minha amiga já usa sutiã e eu não?
Por que minhas bonecas não são mais interessantes?
Por que aquele garoto não me nota?
Os adultos são um saco!
Minha mãe insiste em me apresentar a todos como a “filhinha” pequenina que não cresceu, já sou quase uma adulta, posso ir ao shopping sozinha, posso pegar um ônibus, posso ir ao show, o mundo não me entende e meus pais muito menos...
Humm meu primeiro beijo, sinto borboletas no estômago, um calor seguido de calafrios, uma vontade de sair correndo mais não sinto minhas pernas, que sensação estranha, recadinhos dentro do caderno, agendas coloridas, circulo de amigas fofoqueiras (no bom sentido), treinamento intensivo com o gelo para que o beijo fique melhor, risadas na festa do pijama, pipoca com brigadeiro e guaraná para conversas mais quentes entre amigas, jogo da verdade
Aí a adolescência vai ficando para trás, as responsabilidades vão acumulando e crescendo junto conosco, os passos para vida adulta são apressados, se o bonde passar não tem como recuperar, somente se correr para alcançá-lo na próxima estação e então inicia-se a jornada de competição, a escolha do que você quer ser, assuntos maçantes e cansativos, adeus boa vida sem muito stress, bem vinda vida boa com recheio de pimenta malagueta (risos), vestibular, maior idade penal, carteira de habilitação, esquema para conquistar a confiança dos genitores , cópia da chave de casa, carro da mãe emprestado, baladas até 5h da manhã, o nascer do sol na praia, viagens para acampar, trilhas com os amigos, vida adulta, faculdade, estágio, política estudantil, luta pela liberdade de casa, pela liberdade de expressão, namoros mais sérios e duradouros, planejamentos futuros, estágio, trabalho, formatura, cursos, viagens para congressos, desilusões, a certeza de que agora é pra valer e que é muito caro errar, casamento, filho, distanciamento da família, a menina cresceu, novos aprendizados, organizar casa, aprender a cozinhar, academia, surfe, aprender a ser mãe, problemas diversos, contas para pagar, conversa de adulto, divorcio, vida de solteira adolescente com mais idade onde o gosto da liberdade vem com uma pitada de sagacidade e experiência, momento de “barbarizar”, calmaria, centralidade, introspecção e agora é pra valer, nada de aventuras amorosas, o coração está cansado, aventurar só se for em viagem, “barbarizar” só se for na dedicação de novas descobertas do que posso fazer, foco, uso do espelho para buscar o melhor que há dentro de si e jamais perder a esperança de que dias melhores virão, mesmo que por algum momento um muro alto te impeça de seguir em frente, ou você escala ele ou contorna, já chega de parar e se desesperar sem ver uma saída e agora começar tudo de novo, com um detalhe que faz a diferença o respeito próprio e o amor em grande escala de ser a primeira na minha vida em paralelo com o meu filho.

domingo, 14 de março de 2010

Prazer

Diversas maneiras de chegar a essa palavra com satisfação e diversas maneiras de sentir-la com bondade e respeito
Sentimos um prazer imenso quando o que desejamos foi concretizado, é uma sensação de alivio e de bem estar, resumindo, sensação de dever cumprido
O prazer na forma física, quando a relação entre duas pessoas envolve carícias mais "calientes", quando o prazer desencadeia uma descarga elétrica no corpo e a sensação de relaxamento o acompanha imediatamente, o coração acelera e as pupilas dilatam-se, o corpo formiga e a mente liberta-se
O prazer de conhecer alguém, mais uma pessoa em seu ciclo de amizades que acabara de ser apresentado
A alegria de um sorriso pelo seu prazer de ajudar, de doar, de fazer a diferença em uma sociedade hipócrita e consumista
O prazer de dançar, de colocar o corpo em movimento
A sensação de deleite quando fazemos o que gostamos, seja o que for
O contentamento de contemplar a arte e seus diversos caminhos para chegar ao prazer de participar
O prazer pelos simples prazer de ter prazer

Segundo o dicionário Prazer é: Alegria, contentamento, júbilo, deleite, gosto, satisfação, sensação agradável, boa vontade, agrado, distração, divertimento.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Mar e eu



Quando estou triste me pego perdida olhando o mar,
o Sol reflete na água os seus tons em verde e azul,
o barulho das ondas demonstra a força que tem em seu ir e vir

Quando estou diante de tanta imensidão
é o momento em que sinto que tudo vai mudar

terça-feira, 9 de março de 2010

Quanto tempo tem?



Não tenho tempo pois não detenho o poder de prende-lo
As horas passam em uma velocidade imperceptível e quando nos arrependemos de não ter aproveitado aquele momento a oportunidade se desfez nas areias do tempo e então no reflexo do espelho do banheiro constatamos a velocidade em que as horas se transformaram em anos, em décadas e nosso corpo é castigado por isso e dessa forma o que desejamos não será concretizado pois não há segunda chance, por isso, deseje e faça acontecer, infelizmente os pára-quedas não servem para todas aspirações da vida.

segunda-feira, 8 de março de 2010

8 de Março - Dia internacional da mulher

Mulher, o que és?
Chegaste tão indefesa
um lindo bebê de traços finos
dependente do afeto daquela que te gerou
e que mais tarde teria o direito de gerar outro ser, se assim optasse
Menina bela com todos os questionamentos da idade, diferente dos meninos que a acompanhavam,
olhar penetrante e decidido,
de uma força interior descomunal
Moleca danada com energia de sobra,
fala correta (pelo menos tentava),
comportada e apaixonante
Mulher, mãe, tia, amiga, apenas retratada como figura frágil por não aguentar o peso de uma Tv, de uma caixa, de bagagens, por chorar quando dá vontade ou não, por abdicar de tudo pelos filhos, por aceitar...porém forte o suficiente por ser sensível, intuitiva e determinada
Mulher, menina, moleca, todas as formas de ser única e admirada
Parabéns por hoje e sempre

"Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa
No amor!
Por Deus esculturada
E formada com ardor...
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olôr
Que na vida é preferida
Pelo beija-flor...
Se Deus
Me fora tão clemente
Aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela
Deslumbrante e bela...
Teu coração
Junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado
Sobre a rosa e a cruz
Do arfante peito teu...
Tu és a forma ideal
Estátua magistral
Oh! alma perenal
Do meu primeiro amor
Sublime amor...
Tu és de Deus
A soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração
Sepultas um amor...
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes
Cheios de sabor
Em vozes tão dolentes
Como um sonho em flor...
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim
Que tem de belo
Em todo resplendor
Da santa natureza...
Perdão!
Se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh! flor!
Meu peito não resiste
Oh! meu Deus
O quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar
Em esperar
Em conduzir-te
Um dia ao pé do altar...
Jurar aos pés do Onipotente
Em preces comoventes
De dor, e receber a unção
Da tua gratidão...
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te
Até meu padecer
De todo fenecer..." (Rosa - Composição: Pixinguinha, Otavio de Sousa)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Saudosa

As vezes o coração aperta e as lágrimas escorrem, mesmo fazendo esforço para que elas não saiam, em vão, elas escorrem e demonstram a saudade que sinto da ilha, de passar o tempo na introspecção, ouvindo música, o ir e vir das ondas do mar, o vento nas folhas, a brisa no rosto no fim da tarde.
Sinto falta de estar lá, acordar todas as manhãs com o canto do galo do vizinho, dos micos entre as telhas esperando minha tia alimentá-los, dos passos do cachorro gordo chamado Nick que arrastava-se pela casa com a respiração ofegante e vinha de mansinho cheirar meu pé, do cheirinho bom de café feito na hora e coado em coador de pano, do pãozinho quentinho recém chegado da padaria ao qual eu fazia questão de ir pedalando, das mangas e caju tirados do quintal em árvores que eram batizadas por nomes de personagens de novela
Sinto falta de madrugar na praia para ver os pescadores saírem, das caminhadas com o cachorro e com minha tia ao longo da areia, das braçadas até o barco e dos saltos ornamentais, da chegada dos pescadores, das puxadas de rede, do almoço reforçado, da risada gostosa, das cruzadinhas de fim de tarde, das sonecas na rede, do jogo de baralho no inicio da noite, do sorvete na pracinha, das fugidas até Aratuba ou Cacha Prego para as festas, das bebidas no meio da rua, do som improvisado na praça, da "paquera" de adolescente, das lotações para voltar, das caminhadas em noite de Lua Cheia, de conversas na porta de casa, de silêncio, de relaxamento, de paz.
Como era bom estar fora da cidade grande, como era bom conviver com os meus pensamentos sem ser interrompida por uma buzina de engarrafamento, por um grito de assalto, por luzes ofuscantes no meio da rua, por brigas desnecessárias

terça-feira, 2 de março de 2010

Meio assim sei lá



Ela acordou como todos os dias, levantou-se e ainda cambaleando seguiu seu rumo
Lavou o rosto, olhou-se no espelho e constatou que o tempo está a passar, olheiras profundas de noites mal dormidas, opacidade no olhar de amores que já foram e que deixou saudade e dor
Pensamento ao longe e em segundos a viajem é intensa, fecham-se os olhos e inspira, sente vontade de sumir, deixar tudo para trás e sair por aí, sem rumo, sem hora e sem previsões, sente a necessidade de movimentar sua vida, bagunçar, imprimir a desordem, tudo anda calmo de mais, daqui ela vê as aventuras no final do capítulo e a demora instiga a ansiedade e assim vai buscando diariamente as loucuras de sua mente insana na introspecção das suas manhãs e sono interrompidos...