sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Silêncio





As palavras adormeceram em meus lábios, e o que tinha para dizer calou-se.

Meus dedos estão dormentes de tanto permanecerem na mesma posição. Ainda parados, eles aguardam um parceiro para bailar pelas letras dispostas no teclado e assim construir a desconstrução das minhas indagações.

Em diversos momentos surgem textos, poesias e poemas, mas quando levanto-me e sacudo a poeira o vento os leva como se fosse folhas caídas em pleno outono em uma ventania de inverno.

O tempo corre como se disputasse uma olimpíada e ao mirar naquela poça d'água que antes era minha, nos meus choros incontroláveis e diários, o reflexo mostra as marcas de um tempo que passou e assim descolore os fios negros dos meus cabelos, o que antes eram apenas a posição da luz, agora são problemas resolvidos.



terça-feira, 26 de julho de 2011

Oração

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Olhem por nós
Orem por eles
Somos filhos da terra
e apadrinhados do Sol

A água que corre, grita sua liberdade
Vejo uma nau ao final, ela não navega
ela devasta, expulsa os donos da terra
e esconde a verdade

Para os desesperados que só enxergam
o reluzir dos cifrões, os machados e foices
são indumentarias que carregam e matam

No progresso, os conscientes sofrem,
os inteligentes discutem e os espertos
atropelam e estão no poder, falam do progresso
e tentam convencer que onde se devasta há o crescimento.

Ó povo sofrido que dos seus ancestrais extraem a sabedoria e
a força para lutar pelo que pertence a todos...

Façamos mais, façamos por nós!


Vídeo gravado em Salvador no Show de encerramento do desafio de bandas no Bahia Café Hall.
Banda: Scambo

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quando estou, só ela me acompanha


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Em poucos minutos voltei a falar com aquela intrigante menina de olhos negros, percebi suas presença quando seguia o mesmo caminho de sempre.

Estava distraída, cabisbaixa e consumida por pensamentos, quando tive a sensação de ser seguida, de que alguém espreitava os meus passos, apressei-me e lá estava ela.

Lembro-me que em um passado recente escutei tantas vezes sua lamurias e que deixou-me pensativa em noites solitárias. Agora, o silêncio que me pertenceu nos instantes que a escutava alimentou-se da minha fome e tirou-me o apetite para as delicias que eu carregava, demorei a me recompor, parti encaixando os fatos e tentando encarar, ergui a cabeça, parei e no horizonte o sol se derramava no céu, mostrando que o hoje iria se findar e o que era para ser mudado havia se tornado passado.

A bela menina de olhos negros não continuou, partiu mais uma vez sem eu perceber e assim eu segui, sentei uns instantes antes de retornar ao trabalho, as delícias que eu carregava estavam salgadas, talvez pela falta de vontade de apreciá-las ou por ter sido apertada pela tristeza da impotência e pela certeza de que o "eu" sempre virá na frente de tudo, independente do que sua imagem represente para o outro, questionei algumas palavras ditas e senti a dor de ter sido flechada, mas agora já havia passado, silenciei-me mais uma vez e mentalmente avaliei, quando alguns fatos insistem em se repetir é porque está na hora de rever e fazer tudo diferente. Resta saber quando, como e se vale a pena.

Tenho sonhos, tenho desejos, tenho ainda força de vontade, apesar dos tropeços e das rasteiras consigo me levantar e persistir e assim prosseguir nesta jornada, posso ter parado para respirar ou ter voltado atrás pois a outra estrada parecia mais segura, mas desistir está fora de cogitação.

Hoje quero estar silenciosa, sem meias palavras ou se quer palavras inteiras, apenas na racionalidade para encontrar as soluções e segui algum caminho...






domingo, 12 de junho de 2011

Eu já vi essa cena um milhão de vezes, mas com você foi diferente

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Findava mais um dia. O sol vazava pelo céu misturando-se com o azul em degradê, a maré dava o tom da sinfonia e o mundo parava para nós dois.

Naquela balaustrada éramos espectadores fascinados pela composição que se formava a nossa frente, falávamos dos acontecimentos recentes, das nossas percepções, da confiança, dos amigos e das nossas mudanças.

Enquanto ouvia suas palavras notei que elas se dissiparam com o vento e em mim latejavam uma mistura de sentimentos puro e que devo confessar, crescente a cada dia. O clima do sábado, véspera do dia dos namorados, era propício para tais demonstrações de carinho, dengo e amor sublime.

Por muitas vezes me pego a pensar que quando esse sentimento era uma semente eu o evitava e assim deixava me levar por corações levianos, porém, como tudo na vida é feito em um sistema cíclico em algum momento eu seria colocada "a prova". Condicionei-me a evitar qualquer sentimento que me levasse ao amor, pelo simples motivo de possuir feridas abertas que gangrenavam meu coração.

Em tuas confissões eu já não estava mais em seus planos, mas por algum motivo retomamos e possibilitamos estar um no plano do outro, tive medo, pensei em desistir, pois já estava cansada de lutar e a covardia nesses momentos é a melhor opção e você me fez crer, mostrou-me que estaria sempre ali, me fez rever alguns princípios e romper barreiras, como a cada dia que me faz perceber que agora não estou só.

Jardineiro cuidaste deste jardim sem ao menos eu te pertencer e agora estou a progredir e junto a mim estais aqui, que o nosso hoje seja eterno e que continuemos a prosperar juntos.

Sorrio por ter a ti e alegre por nos pertencer.

Feliz dia dos Namorados Casados!




quarta-feira, 1 de junho de 2011

A quem pertence o passado?

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Pertencentes ao que se prende, ao que se carrega e ao que está lá quando se olha para trás.

O tempo passa, a jornada é longa e a paisagem muda ao modo que avança. Equívoco! A verdade é que a paisagem não muda, continua a mesma, você que muda e é aí que o seu passado tem um peso maior ou menor.

Então concluo que o passado a mim se faz pertencer, pode ser que nesse estágio da vida muita coisa já aconteceu e outras aconteceram, mas o passado é seu e você faz dele o que quiser e bem entender, às vezes quero que ele volte a tona para poder enfrentá-lo e só assim fazer-lo sucumbir nesta poeira de mausoléus resolvidos, mas por muitas vezes prefiro nem saber que se quer ele existiu.

E a vida corre nesse curso de rios perenes que são contrastados por pequenos rios intermitentes. As vezes flui e por alguns períodos de estiagem tendem a morrer, seja algumas esperanças ou seja o racionamento das farturas que se fazem necessárias.

Mas o passado?
Ah passado!
Esse sim há de ser passado.

E se não for?
Pode torna-se um dia um ponto de referência para alcançar sempre o melhor.



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Retorno

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Ultimamente meus dias tem sido curtos em demasia, inquietos, na verdade, sem brecha para os meus pensamentos.

Permito-me retornar ao meu cantinho de mundo, lugar que consigo navegar em sentimentos diversos de recordações, assuntos que vivi ou que de vez em quando são regurgitados parecendo aquela bola de pêlo que trava na garganta do gato e incomodam até o segundo em que se deixa se perder em tamanha imensidão.

Tantas vezes que volto aqui sinto-me diferente, enxergo detalhes outrora não percebidos. E assim paro e comparo, cada pedacinho, cada movimento.

Os dias permanecem iguais se não nos apegarmos aos por menores. São os detalhes que fazem o seu viver diferente. É um bom dia sussurrado no ouvido, é um beijo roubado enquanto reclamas do trabalho, é uma flor amarela roubada do jardim e posta no cabelo despretensiosamente, é o toque no ombro quando os pensamentos pesam, é um sorriso em meio as lágrimas, é o silêncio na aflição, são tantas coisas, tantos sonhos.

Quando retorno aqui, e em especial hoje, agradeço por dádivas que colhi nessas jornadas após alguns traumas. Em momentos de angústia estive por aqui de passagem, consumi em brasa meus pensamentos enquanto o sol me acolhia, em momentos de felicidades gargalhei folgadamente recepcionada pelo ir e vir das ondas orquestrando melodias calmas e em momentos de paz oportunizei conhecer seres iluminados que ao som do toque marcante do berimbau me presentearam com palavras necessitadas de ouvidos.

Aqui vivencio a paz inquieta, a liberdade sossegada, a intensidade no pensar, o sentir de estar. Permito-me chorar alegrias, permito-me lagrimar mágoas quando se fere a alma e assim permito-me respirar profundo quando o peso se vai no rompante deste vento que passou sem pedir licença.

É um cenário perfeito nas imperfeições da realidade local. Esse cantinho de mundo que me dominou desde a primeira vez que o vi, sempre será o meu confessionário publico, partilhado em milhões de indagações e afirmações.