sábado, 29 de outubro de 2011

Um dia estranho com aprovações duras

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O dia não tinha sido bom, o cansaço e o stress chegavam tão rapidamente como um sopro do vento em um dia cinza.

No trabalho ressentimentos inesperados, mais uma vez atingida por grosserias e palavras dolorosas, pelo telefone, a procura de conforto, um bombardeio de palavras ríspidas e acusadoras, as lágrimas imediatamente escorriam a face pasma de um fim de tarde bem estranho.

Fim de expediente, uma impaciência corria cada pedacinho de sua formação física, um respirar fundo para buscar a paz interior e as perguntas inconvenientes viam acompanhada de piadas, de momentos de descontração em cima do aborrecimento alheio. 

Um desejo sedento de estar em um único lugar, aquele em que ninguém tem permissão de entrada, a minha própria mente. Enquanto as luzes corriam pela janela do carro, os caminhos levavam ao seu espaço compartilhado por uma família dissolvida, que ainda tem esperanças de recuperação.

O seu olhar dizia que algo acontecera, os movimentos circulares da chave na porta silenciavam aquela noite,  passos lentos e subíamos as escadas, enquanto cada um encontrava um cômodo confortável para si, ele precisava sair e com um coração vitimado, enforcado pela aflição, o ar tornava-se rarefeito e a água gélida caia sobre sua cabeça, escorrendo quente e lavando a alma, após sua saída ela dirigiu-se a cama e decidiu aguarda-lo, as mãos tremulas e certa de que não tinha certeza de mais nada.

O telefone toca e do outro lado a frase clássica em que nada está bem..."Não durma, desejo conversar com você". Os minutos passando lentamente e a ansiedade ninava seus pés, os olhos foram vencidos pelo cansaço, as horas correram e a luz do quarto se ascendeu, nesse momento o tormento, as aflições, uma dor no peito abriam caminho para as lágrimas que escorriam uma a uma transformando-se em um rio corrente em dia de chuva.

E foi assim que não dormimos e que os pensamentos desordenaram-se, a imaginação ficou fértil e enraizou, sem flores, sem jardins e um único pedido, faz o que for da sua vontade seja na minha divindade ou na sua e que a resolução seja breve tendo ainda você comigo...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu me demito

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À aqueles que não creem em mim.


Prezados Senhores,


Por motivo de força maior, ao qual não tenho mais condições físicas e mentais de lutar ou me desvencilhar, venho por meio desta, apresentar meu pedido de demissão de um dos cargos que ocupo nesta empresa há  nove anos.


Vejo que há muitos desempenhando o mesmo cargo que fora designado apenas a mim naquele momento em que entrei pela porta desta conceituada empresa, vejo também que quando assumo uma postura mais rígida sou denominada de "infantil" e "influenciável", o que me chocou no momento em que soube, mas relevamos para sobreviver. Às vezes me pergunto se estou errada, pois todos divergem das opiniões que tenho, todos tem um modo de ver em que eu discordo, a única a ser apontada, a única em ser julgada, então assumo, pode ser que eu esteja realmente errada e assim prefiro parar de tentar solucionar essa questão, prefiro "abrir mão" para poder continuar nesta empresa conceituada chamada VIDA, ocuparei outro cargo que sei que tenho a capacidade de desenvolver-lo, porém não compete mais a mim. 


Mesmo assim, expresso o meu interesse em desligar-me imediatamente e solicito a dispensa do cumprimento do aviso prévio, caso não seja possível devido a urgência, cumprirei até Dezembro.


Sem mais, espero que possa entender a minha decisão que até o momento será irrevogável.


Atenciosamente,


Olhos Negros Afogados 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mudanças "nem sempre" são bem vindas


Há pouco tempo conheci uma pessoa. Fisicamente ela se parecia muito comigo, confesso que foi bem assustador, às vezes eu tinha a sensação de estar me olhando no espelho.

Ela estava na calçada quando a vi pela primeira vez, sentada e cabisbaixa, franzia a testa enquanto sussurrava lamurias, as pernas inquietas seguiam o ritmo do estalar dos dedos, até que ela percebeu a minha presença e notou que eu a encarava, nesse momento tudo parou.

Ela me olhava, e em seus olhos era perceptível as decepções e a tristeza, desviei por alguns segundos e ela se aproximou, não conseguia emitir nenhuma palavra e também não conseguia sair daquele lugar. Os seus olhos me mediam dos pés a cabeça e sua mente não conseguia entender porque parecíamos tanto.

Enquanto nos observávamos, uma a outra, resolvi fazer a primeira pergunta: 

- O que está acontecendo?

Nesse momento um sorriso no canto da boca surgiu e como se houvesse encontrado a resposta para todas as sua indagações ela me respondeu:

- Não sabia até você aparecer, havia me perdido e com essa memória curta nem imaginava quem você era e agora sei que somos uma e que nos perdemos em algum momento. Somos o "Yin" e o "Yang" e separadas somos o desequilíbrio. Tenho estado farta de muitos acontecimentos e imagino que você também, não me sinto plena e por muitas vezes percebo que a solução não passa de atos desesperados.

Haviam passado apenas 40 minutos e parecia que estávamos a horas nos falando, lembrei-me de algumas palavras que escuto sempre e diz mais ou menos assim: "O homem não muda ele melhora". Infelizmente as mudanças nem sempre são bem vindas, mas desta vez eu optei não melhorar, optei desistir de lutar, assumi essa parte esquecida e abandonei a outra sentada na calçada, fiz uma troca injusta, eu sei.

Comecei a indagar algumas coisas, tais como: Sorrisos para quê ou quem? Estou escolhendo esquecer os motivos para sorrir. 
E aí vem as perguntas, comparações de muitos: E quem não tem nada e mesmo assim sorri? Não me venha com essa! Não vou ficar feliz em cima da miséria alheia, desculpe, mas a realidade não me conforta, os bons motivos deixaram de existir e aquele óculos cor de rosa está em algum lugar que não faço questão de achar.

Percebi que assim como existem pessoas com vocação para cantar, tocar, escrever, ser mãe, ser pai, entre outras coisas, existem também a vocação para estar sempre em grandes dificuldades, seja ela de ordem física ou emocional, igual aquela música de Tim Mais: "E na vida a gente tem que entender que um nasce prá sofrer enquanto o outro ri.."

Então aprendi que o primeiro passo é aceitar as condições impostas, o segundo é sobreviver (esqueça tentar viver) e o terceiro é não ser mais quem sou, isso! Renegar o que eu achava certo, renegar o que agradava os outros, apenas renegar uma pessoa que sempre fui e assim sobreviver na seriedade de dias ensolarados ou não.

Sobreviver apenas para polir meu diamante e ver-lo viver, ele sim tem que viver cada segundo, ele sim tem que lutar.

Sem mais despeço-me de um mundo recheado de carapaças e visto uma para poder fazer parte da hipocrisia geral.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Carta de despedida?! Espero que venha no meu findar natural....

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Há muito que venho silenciando-me, partilhando o "restinho" de poucos sorrisos quando escolho não pensar, quando resolvo ser uma árvore dançando aos assobios do vento.
Para quem me vê, continuo frondosa e até mudada, cabelos crescidos, unhas grandes de uma mulher balzaquiana, roupas adequadas para a ocasião, não mais artista e muito mais o que devo ser, não mais moleca e muita mais mãe.

Infelizmente luto contra cupins que me consomem internamente como um câncer sem cura. Engulo comprimidos que me rasgam o esôfago, que criam úlceras e nada solucionam.

Tenho minutos de grandes emoções, muitas vezes acompanhada ou até mesmo só, são pedaços inesquecíveis em que revelo-me grandiosa, porém é triste o estado de felicidade, porque incomoda tanto que prefiro estar aqui, nesse limiar de poucos passos ao fim.

Confesso que nessas 48 horas de primeiros dias de "TPM" pensei em como começar uma carta de despedida, me imaginei diversas vezes fora do mundo de pessoas que são meus pequenos mundos, pensei na falta que sentiria de cada uma delas e então percebi que aqueles que optam por esse caminho precisa estar muito certo do que fazer, precisa saber que borrariam um passado e que "deletariam" um futuro que provavelmente seria promissor. 

Quando esse vulcão de emoções resolve acordar, a explosão pode ser ouvida a quilômetros de distância e o desastre, felizmente, não chega a ser fatal, e é na exatidão do calor que observo o que tenho pela frente e que nenhuma ventania, tempestade, furacões, terremotos, enfim, desastres irão impedir de reconstruir uma cidade inteira, sou plenamente consciente de que o vigor nunca é o mesmo e que a opção de desistir aparece com mais frequência, é muito mais cômodo deixar o ônibus passar para depois pegar outro mais vazio e se não vier vazio que venha o próximo.

Tentador, não é?

Então, apesar dos impedimentos em campo quando estou prestes a realizar o gol, apesar de grandes quantidades de lágrimas derramadas, apesar do rosto inchado, tenho pessoas especiais que estão comigo em qualquer ocasião, em qualquer ligação, em qualquer pensamento, independente da distância ou da disponibilidade.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Revirando um baú de memórias que não se perderam

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Muitas vezes olhei este mesmo horizonte e infelizmente foram em momentos de infortúnio, mesmo assim, enquanto as lágrimas escorriam minha face e um nó na garganta dificultava engolir, conseguia encher o peito e agradecer sem ser piegas ou sonhadora, fazia isso porque, por pior que as coisas parecessem ser eu sempre tive esperança que ia passar.


Depois de um tempo passei aceitar os acontecimentos e seguir, não queria saber se era para frente, para trás ou para os lados, eu simplesmente seguia. Estava cansada de reprises em minha vida, era como se um filme repetisse diversas vezes sem finais felizes, era como se eu fizesse uma limpeza para que os outros seguissem, já estava me acostumando com os "repetecos" que a vida me dava, pensava se seria minha missão ser faxineira de passados ruins (risos), até que as coisas mudaram, eu havia vivido tropeços, ninguém me dizia o que fazer e se eu realmente estava errada quando eu errava, se eu havia sido intolerante quando eu era intolerante, eu não sabia a diferença de ser grossa ou  estar indignada. 

Estou reaprendendo a caminhar e agora me vejo perdida, procurando por algo que me conecte aquela sensação de que estar feliz é prenuncio de tristezas longas e sombrias, e não encontro essa sensação. Diversas vezes notícias boas me dão arrepio de medo o que não deveria ser, mas também não sei me desvencilhar desse desejo inconsciente.

Joguei muita coisa fora e arranquei raízes que me faziam mal, desmatei ervas daninhas que roubavam a seiva de árvores frondosas, sei que ainda tenho mágoas incuráveis e peço todos os dias que eu consiga sarar, acredito que tenho "perdões" que ainda não foram perdoados e chegar a esse estado sublime nem com muita meditação, os imperfeitos amam mais e não procuram razão de explicar, são incuráveis e sedentos e assim sou eu.

Não procuro salvação, mas tenho uma "carta na manga", a minha mente, a minha mão direita, um papel em branco e caneta para que hajam desabafos que poucos ouvidos suportariam escutar e poucos corações ousariam entender, estou armada, mas não com as armas de Jorge (risos) e por algum motivo retornei aqui, onde vejo o horizonte, sinto a brisa e ouço o mar...











sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Frio na barriga e a certeza dos meus erros

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Choro porque não consigo definir palavras, 
Calo-me para não piorar os erros que cometi, 
Abaixo a cabeça e ouço as ofensas porque não me sinto no direito de revida-las.

Muito do que penso guardo para mim, 
Talvez seja um dos meus maiores defeitos, 
Se passo por certas dificuldades não consigo partilhar, 
Tenho ações que me julgam e me condenam e desvencilhar desse modo de ser torna-se um árduo fardo.

Estou aprendendo a lei da observação, 
Escuto com atenção e se mudo é porque acredito que devo. 
O coração sangra de amor e mágoas, em certos momentos há uma hemorragia que preocupa-me se terei cicatrização ou seria necessário uma transfusão. 

A resolução de boa parte desse desequilíbrio que me consome é a distância visual, de longe amarei mais, cuidarei mais e nas visitas esporádicas a valorização será maior.

Por enquanto, tento manter o equilíbrio apesar de estar no limite...