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Muitas vezes olhei
este mesmo horizonte e infelizmente foram em momentos de infortúnio, mesmo
assim, enquanto as lágrimas escorriam minha face e um nó na garganta
dificultava engolir, conseguia encher o peito e agradecer sem ser piegas ou
sonhadora, fazia isso porque, por pior que as coisas parecessem ser eu sempre
tive esperança que ia passar.
Depois de um tempo
passei aceitar os acontecimentos e seguir, não queria saber se era para frente,
para trás ou para os lados, eu simplesmente seguia. Estava cansada de reprises
em minha vida, era como se um filme repetisse diversas vezes sem finais
felizes, era como se eu fizesse uma limpeza para que os outros seguissem, já
estava me acostumando com os "repetecos" que a vida me dava, pensava
se seria minha missão ser faxineira de passados ruins (risos), até que as
coisas mudaram, eu havia vivido tropeços, ninguém me dizia o que
fazer e se eu realmente estava errada quando eu errava, se eu havia sido
intolerante quando eu era intolerante, eu não sabia a diferença de ser grossa
ou estar indignada.
Estou reaprendendo
a caminhar e agora me vejo perdida, procurando por algo que me conecte aquela
sensação de que estar feliz é
prenuncio de tristezas longas e sombrias, e não encontro essa sensação.
Diversas vezes notícias boas me dão arrepio de medo o que não deveria ser, mas
também não sei me desvencilhar desse desejo inconsciente.
Joguei muita coisa
fora e arranquei raízes que me faziam mal, desmatei ervas daninhas que roubavam
a seiva de árvores frondosas, sei que ainda tenho mágoas incuráveis e peço
todos os dias que eu consiga sarar, acredito que tenho "perdões" que
ainda não foram perdoados e chegar a esse estado sublime nem com muita
meditação, os imperfeitos amam mais e não procuram razão de explicar, são
incuráveis e sedentos e assim sou eu.
Não procuro
salvação, mas tenho uma "carta na manga", a minha mente, a minha mão
direita, um papel em branco e caneta para que hajam desabafos que poucos
ouvidos suportariam escutar e poucos corações ousariam entender, estou armada,
mas não com as armas de Jorge (risos) e por algum motivo retornei aqui, onde
vejo o horizonte, sinto a brisa e ouço o mar...
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