segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Morfeu foi embora

Foto: Carla Palmeira


No meio da noite, a meia noite, o vento sopra na janela queimando em brasa e consumindo meus pensamentos.

Não sinto culpa, mas sinto angustia, a solidão fugiu com medo de mim e eu me perdi.

O silêncio da rua aflige o meu ser, olhos vão ao céu e entre nuvens o brilho partiu, as respostas sumiram, apenas a melodia sem ritmo e a linha tênue e constante do ventilador acompanha o emaranhado de decisões indecisas.

Tontura

Tortura!

Sinto falta! Posso ser capaz de entender os corações solitários, mas o meu solitário coração é incompreensível.

A sede de viver plenamente não cabe em uma garrafa de água, a sede determina a intensidade e a duvida que me acompanha nesta jornada.

Desvencilhar de ambiguidades é quase impossível, aceito ser ferida e sangrar em tristeza, pois tenho coagulantes que cicatrizam sem levar ao óbito, possuo o controle sobre mim e deixo desaguar o salgado gosto das lágrimas, mas não tenho o controle de curar corações partidos.

Rolo na cama, procuro seus braços para assim me entregar em sono profundo e logo hoje você se foi. Acredito que poderá estar por aí disposto a abraçar corpos que se rendem ao fascínio de adormecer.

Tentarei, pois é o que tenho feito.

Boa noite corações solitários e aflitos assim como eu.

domingo, 28 de novembro de 2010

Declaração de uma pérola

Google imagens


Sei que está por aqui, cobra-me o livro que abandonei e me presenteia com reencontros, noticias de longe e resoluções em minha jornada.


Solicitei sua ajuda e fui agraciada, a rotina de olhos marejados fez-se esse mês, pois busquei a mim e você estava lá, minha alma gêmea, o anjo de asas douradas e de olhos dengosos.


Te sinto e sei que me vê sem poder me abraçar, sofres e eu também, podemos nos encontrar em um plano astral, nos sonhos em que tudo pode acontecer.


Amo-te como nunca pude amar ninguém, você era meu plano, você era minha vida e agora vivo pelo meio sobrevivendo, aceito esta formula sabendo que nos reencontraremos...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Quero me deixar



Ir embora.

Neste exato momento é o que passa em minha mente, a necessidade de sair e me deixar para trás poderia ser a solução de começar tudo de novo.

Acredito que estou chegando onde passei a vida toda procurando, os sinais estão mais latentes e o que impede é a coragem, sentimento que sempre tive dentro de mim e que se perdeu por aí.

A briga está intensa entre o coração e a razão. É difícil para uma pessoa pensar em si quando se cresce pensando nos outros.

As lágrimas é a maior expressão de dor pois não tenho voz para gritar, uma proposta está corroendo meus dias, uma proposta interna, uma proposta que se aceita não terá volta, não poderá ser apagada e reescrita.

Sofrendo antecipadamente acredito que é a melhor decisão a ser tomada, aproveitando a distância dos olhares, da voz e das palavras repenso em nós e a decepção em mim por sempre começar e me abandonar no meio do caminho. São dois seres em desenvolvimento, um tentando se encontrar e o outro tentando se aceitar. Tenho segurança no que penso, no que quero, no que desejo, onde quero chegar e todos os caminhos mostram que a solidão é a minha melhor companhia. Peço que me provem ao contrário, mas ainda não conseguiram...as mãos tremulas, os olhos marejados e um aperto no peito bloqueiam as palavras daqui para frente.


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O mundo que resolvi não olhar e agora abri as janelas



Todo fim de tarde é triste.

O crepúsculo tem um tom de despedida.

Vi você caminhar e em um olhar me despedir sem você ver, a bela composição tornou-se melancólica.

Ao seguir para o embarque percebo que os aviões são cargueiros de olhares tristes, pois estão sempre a partir, alguém fica e alguém leva saudade.
Sair naquela tarde foi reencontrar-me mais tarde, estou diferente para mim. O cargueiro de olhares tristes levanta voo e no cair do dia pauso a minha leitura, a criança gruda na janela e enxerga os floquinhos de nuvens em um colchão e um bilhete cai ao chão, nele recebo um recado: "A origem dos nossos males está na comparação".

Para os sonhadores como eu, sempre olhamos o céu afim de encontrarmos respostas, desenhos em nuvens ou no bailar dos pássaros. Estou no céu! E agora me encontro pelo olhar daquele que nos vê diariamente, vejo desenhos em nuvens e o bailar dos pássaros, curtindo as mesmas sensações. O barulho constante das turbinas compõem meus textos até o momento em que não as ouço. Levanto o olhar e um manto de nuvens brancas é estendido, o Sol nos guia para o destino escolhido, aos poucos percorro esse mesmo caminho de diversas pessoas para chegar a algum lugar.

O Sol pela janela desenha no mar formas indescritiveis. Abaixo de nós uma bacia de águas azuis e acima chumaço de nuvens, a cada momento mais distante de tudo os pensamentos ficam soltos, lembranças são guardadas e o tempo a sós são momentos de reflexões. Aceitei minhas imperfeições e identifiquei os meus males.

Estou chegando! Das janelas vejo o laranja derramar-se sobre o branco das nuvens que se completam com o azul do céu, misturando-se em um degradê de despedidas sem fim.

E ao terminar o capítulo ouço:
"Sou o que penso?"
"Sou o que vejo?"
"Meu corpo é do tamanho do meu olhar?"
"Os olhos do poeta tem braços que vão até as estrelas"

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Percepções - Cheia

Pintura: Sandro Botticelli (cerca de 1485)


Encerramento de um ciclo?

Sem expectativas, só a certeza de que tudo aquilo fazia parte de mim.
Lá do alto eu podia sentir a energia emanada, descíamos por uma estrada de barro, tudo escuro, os faróis iluminavam apenas três passos a frente e éramos cercados de árvores frondosas.
Quando meus olhos tiveram a oportunidade de enxergar além da escuridão, pude observar um vale que era iluminado pela clareira da fogueira, que queimava ardentemente todos os desejos ocultos de encerramento de um ciclo e os meus viraram cinzas...
O círculo sagrado já estava formado para reverenciar a Grande Mãe e as chamas das velas iluminavam as nossas posições que inevitavelmente éramos acompanhados pelo nosso animal.
A Lua com sua beleza imponente nos recebeu em um céu límpido ao som harmônico das quedas d'água que nos circundavam e totalmente tomada por essa energia deixe-me levar.
Sonhos reveladores, perguntas com respostas definitivas e na introspecção da volta pude consagrar na taça rubra o meu silêncio e foi ele o meu companheiro de retorno ao mundo. Muitas outras perguntas fizeram parte da minha bagagem, com apenas um detalhe: A PERCEPÇÃO... Percebo-me outra mulher, outro espírito, outro ser, percebo-me filha de quem sempre olhei distante e hoje a pertenço.

"Que assim seja e assim se faça"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Deixei de pensar, só não parei de existir...

Foto: Paulo Henrique - 8 anos


Vejo na linha do horizonte os primeiros entrelaçares das letras que formam frases e que determinam sentimentos, na espuma das ondas vejo a borracha borrar as marcas na areia e o meu vazio transforma-se em oco sem eco.

As páginas em branco são folheadas afim de serem preenchidas e os dias vão seguindo.

O que parece ser complicado torna-se fórmula de matemática para ser desvendado e os problemas sem solução tornam-se solúveis em água salgada que as janelas da alma derramam em um quarto escuro.

Deixei de pensar, só não parei de existir
Posso tentar diversas vezes
Parar? Não!
Deixar de pensar e continuar a existir