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Ultimamente meus dias tem sido curtos em demasia, inquietos, na verdade, sem brecha para os meus pensamentos.
Permito-me retornar ao meu cantinho de mundo, lugar que consigo navegar em sentimentos diversos de recordações, assuntos que vivi ou que de vez em quando são regurgitados parecendo aquela bola de pêlo que trava na garganta do gato e incomodam até o segundo em que se deixa se perder em tamanha imensidão.
Tantas vezes que volto aqui sinto-me diferente, enxergo detalhes outrora não percebidos. E assim paro e comparo, cada pedacinho, cada movimento.
Os dias permanecem iguais se não nos apegarmos aos por menores. São os detalhes que fazem o seu viver diferente. É um bom dia sussurrado no ouvido, é um beijo roubado enquanto reclamas do trabalho, é uma flor amarela roubada do jardim e posta no cabelo despretensiosamente, é o toque no ombro quando os pensamentos pesam, é um sorriso em meio as lágrimas, é o silêncio na aflição, são tantas coisas, tantos sonhos.
Quando retorno aqui, e em especial hoje, agradeço por dádivas que colhi nessas jornadas após alguns traumas. Em momentos de angústia estive por aqui de passagem, consumi em brasa meus pensamentos enquanto o sol me acolhia, em momentos de felicidades gargalhei folgadamente recepcionada pelo ir e vir das ondas orquestrando melodias calmas e em momentos de paz oportunizei conhecer seres iluminados que ao som do toque marcante do berimbau me presentearam com palavras necessitadas de ouvidos.
Aqui vivencio a paz inquieta, a liberdade sossegada, a intensidade no pensar, o sentir de estar. Permito-me chorar alegrias, permito-me lagrimar mágoas quando se fere a alma e assim permito-me respirar profundo quando o peso se vai no rompante deste vento que passou sem pedir licença.
É um cenário perfeito nas imperfeições da realidade local. Esse cantinho de mundo que me dominou desde a primeira vez que o vi, sempre será o meu confessionário publico, partilhado em milhões de indagações e afirmações.