Aproximava-se do ponto mais alto que encontrara.
Cabisbaixa, não por melancolia, por distração mesmo e pensamentos que eram consumidos entre os dedos. Ela caminhava e o vento acariciava seus cabelos, amenizando o calor dos raios do astro rei.
Quando se deu conta estava sentada na balaustrada observando o mar. O azul cristalino havia desaparecido. Pronto! Arregalou os olhos negros e a única coisa que pensou foi: “O Mar engoliu a Lua!”
O brilho prateado não pertencia ao céu, parecia que haviam invertido as posições. O azul preenchia até o horizonte e abaixo dela o cintilante da cor prata a cegava.
Uma beleza sem igual, uma composição harmônica que condizia com seus sentimentos.
A melodia tocada pelas ondas emudeciam a selva de pedra que a cercava. A contemplação era compartilhada, todos fazendo “upload” ao mesmo tempo de um único servidor.
Cada segundo de Chronos era um presente ganho, ela na balaustrada não desejava mais nada, queria somente estar consigo, abria os braços para sentir a liberdade de voar sem ao menos sair do lugar, deixava as cinzas do que passou serem levadas e entre um suspiro e outro permitia-se sorrir internamente, fazendo seus órgãos festejarem.
Ao lado dela pude perceber que somos uma e trazê-la de volta tem sido uma batalha deliciosa de vencer.
Bom, Chronos aproximou-se e informou que para toda contemplação há uma pausa sensata, pegou sua bolsa enquanto ela se despedia e fez ela guardar aquele momento para que sempre fosse presente esta dádiva concedida.