Como poderia alguém se relacionar com uma pessoa que se encontra a vários quilômetros de distância? Telefone? Carta? Internet?
Todos esses meios de comunicação acima são válidos e usados freqüentemente. O último deles então é o mais utilizado, porém nos últimos anos surgiu uma ferramenta na tal da internet a qual me deixa muito curioso.
Como poderíamos imaginar nos socializar com milhares de pessoas, conhecer um pouco mais sobre a vida de cada uma delas, sem ao menos conhecê-las? Depois da mania dos blogs e fotologs eis que surge um senhor inovador que uniu essas idéias e ainda acrescentou mais algumas ferramentas. Além de comentar nas suas fotos, deixar recados contando as novidades eu ainda crio, por exemplo, um mini-clone digital meu para “pokear” o seu.
Quando penso nesse tal de Orkut, o que me vêm em mente é, como as pessoas resolveram abrir as janelas das suas vidas para que qualquer um a fuçasse? Sim, fuçar agora está na moda. Ainda não fuçaram o seu Orkut? Mas você já “curiou” o Orkut dos outros, não é mesmo?
E esse ato de fuçar e “curiar” (verbo criado pelas pessoas que se autodenominam curiosas e que vasculham o Orkut dos outros sem nenhuma discrição) mostram o quanto é valiosa a intenção de se tornar mais sociável. Os tímidos se sentem cada vez menos tímidos. E para aqueles que nunca foram tímidos, se tornou mais uma arma para se apresentar a sociedade. Afinal, todos têm Orkut, você não? Se não tem, sinta-se um excluído da sociedade moderna. Vai haver um momento em sua vida em que irão lhe pedir o seu Orkut e que quando você disser que não o tem, pode ter certeza que irá ouvir a celebre frase: “Seu anti-social!”.
Pois é, ao escutar isso decidi então criar o meu, entrei no site, e após alguns minutos eu já estava conectado a tal rede, e com mais uns poucos minutos eu ganharia o meu primeiro amigo que já deixava o primeiro recado: “Demorô hein parsa! =)” (tradução: Demorou para aderir a mania do Orkut não é parceiro!).
Alguns meses depois, aqui estou eu, com o meu segundo perfil praticamente lotado, me preparando para criar o terceiro, sendo que em cada um deles eu posso ter apenas novecentos e noventa e nove amigos, e por fim sempre me questiono: “Quando irei, enfim, conhecer todos os meus hum mil oitocentos e noventa e nove amigos dos dois perfis que tenho no Orkut? Será que um dia conseguirei reuni-los em um aniversário meu?”
Essa tal socialização à distância tornou-se mania na vida das pessoas. A cada novidade, a cada recado, a cada foto nova postada por um dos amigos, a cada rasteira levada no seu “buddypoke”, você se sente mais ansioso para chegar logo em qualquer computador e revidar cada um dos itens acima, e o melhor, você não precisa estar perto para estar junto.
Viva a socialização à distância, viva o Orkut.
Flavio Nery
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