quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ela ao longe




Eis que ela surgiu ao longe,
iluminada pelo Sol que esfriava no horizonte
Sapatos de saltos entre os dedos,
subia o morro em busca de algo
Uma canção melodiada pelas ondas do mar,
pensamentos perdidos preenchendo as linhas de um caderno,
enchendo
movendo
Ventos nos cabelos dos olhos negros
Composições imagináveis, construções inacabadas e coração tranquilo
Calmaria e um sorriso bobo na tela mental...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Falar de amor em uma pausa para o café



Sentimento que toma qualquer forma, não precisa ser uma história, nem ter todas as regras de produção de um texto.

O amor pode ser uma frase, uma prosa ou uma poesia. Pode ter forma de melodia ou notas soltas em uma partitura. Pode ser uma exceção a todas as regras ou um simples brilho no olhar, pode pertencer a um ou mais corações. Nascer com você ou ser você.

Sinto ele florescer a todo momento, principalmente quando volto aqui, de dia me perco e a noite ele me guia ao mar.

De duas partes se faz um todo, mas eu sou o todo de duas partes. Posso ser a melancolia do blues ou a revolta do rock, posso ser a beleza da música erudita ou uma louca música eletrônica, posso ter a batida ritmada nos pés ou se perder nas mãos, posso transformar tudo isso em cordas de um violão velho largado no canto do quarto somente para alimentar a minha alma de artista.

Pinto o que desejo ver e mesmo em preto e branco ainda vejo a beleza com riqueza de detalhes e expressões. Sinto, e no sentir, sem quem sou. Mergulho nas janelas de meu espectro e no meu avesso desavesso.

Posso não pertencer a ninguém, e sem ninguém pertenço a mim.
E se minha voz não faz marcas faço com as palavras que escrevo e desenho letras partilhando com qualquer um.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Relativo tempo



Quanto tempo que não volto aqui

A maré cheia
Os passos do chinelo arrastando a areia da calçada
O voo rasante dos pássaros
Os repetidos cânticos da labuta diária
Os sotaques ao vento
Os bancos solitários

Quanto tempo que não volto aqui

Os veleiros deslizam na correnteza
Os enamorados aguardam o pôr do Sol
Os consumistas de pensamentos, pensam
As cinzas caem em respostas

Há quanto tempo volto aqui

O contra luz mais fotográfico que conheço
A doce água das árvores de copas esguias
O cheiro da maresia com dendê
Poesia

Há um tempo em que volto aqui
E não volto por muito tempo

domingo, 5 de dezembro de 2010

As palavras que não falei



Faltou-me forças de transformar pensamentos em fala
Em cada olhar eu te penetrava e me misturava a ti

Derreti
Dissolvi

Me senti sua e naquele momento completa
Me embaralhei e busquei respostas
Com o delicioso pecado as horas se foram e a coragem partiu em pedaços pequenos

Parei!

As palavras tornaram-se confissões de fim de tarde, preciso lhe falar, te olhar nos olhos e dizer:
- Aconteceu!
Não resisti e me permiti
Envolvi e agora tudo mudou
Preciso ficar e você partir
No carro ouço canções que refletem meu pesar.
O sol ainda alto busca a melancolia do se pôr
Chego ao cargueiro de olhares tristes e os vejo partir a todo instante, dentro de mim um único desejo...ser mais uma passageira
Quero você na minha vida, não importa em que posição
Te deixar é uma aflição necessária
Precisa se encontrar, pois em algum lugar se perdeu e eu te permito, emito seu passe e espero que volte que seja para mim ou para outra pessoa
Um dia quem sabe o terei inteiro, assim como a música o tem
Você é especial em minha vida, ficou e me ajudou, mostrou-me que posso, que tenho confiança, que sou quem sou
Em mim despertou a pérola que adormecia empoeirada e sem brilho, você a poliu

Injustas duvidas, perigosos riscos e caras apostas

Quando a razão não tem o que fazer se mete onde não é chamada, constrói muros prendendo um coração solitário desejoso a construir pontes
E assim se fez os primeiros dias do fim de uma passagem, e no fim encontram-se começos, e no meio encontramos caminhos para iniciar tudo de novo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Meu espelho não reflete mais

Foto: Carla Palmeira

Espelhos são reflexos das suas formas mais complexas
Sejam côncavos ou convexos
Para muitos, encará-los torna-se um tormento
Mas para mim um alento
Espelho espelho meu vejo em seus olhos tal sofrimento
Embaçado com a mudança de tempo
O choque do calor que consome seu corpo com frio da despedida
Rosas coloridas são assim, oras delicadas oras oras
Vejo a estrada refletida e no reflexo a minha imagem se foi
Boa viagem espelho de risos e volte logo para os braços daquela que traz um pedaço de ti
Pois em você está minha imagem e aqui procurarei deixar um pedaço de mim
Cuida-te por que só assim saberei que cuidados terei a mim
Decisões importantes pede aflições constantes
Sem alimento na alma, definho em dúvidas
Só nós sabemos o valor de estarmos sós e seguir adiante
Volte, para eu poder contar que um dia tive muros e agora construo pontes
Um dia terei esta certeza a refletir...pois a sua certeza de pontes te liga muito mais além...parabéns!