Não é um dom, mas as imagens e as palavras surgem como projeções na solidão dos pensamentos. O lápis torna-se tradutor de tanta sensibilidade que transborda do tanque de emoções, a música dá o tom dos movimentos desta dança sem par, pois no extremo consigo externalizar através da arte que habita em mim.
Neste momento calo-me diante de tanta energia emanada, sinto as mãos tremulas de tal forma que não reconheço minha letra, o sangue em meu corpo corre devagar e as pontas dos dedos vão ficando geladas, a visão embaçada me traz simultâneamente visões de mundos diferentes. Posso ver o tempo correr.
Um enjoo momentâneo traz o gosto de sangue a boca e sem controle sob o meu corpo acelero as palavras no intuito de encerrar algo que agora está sem o menor sentido, uma pausa de alguns minutos e o telefone toca conseguindo me resgatar de um transe consciente, olho-me no espelho e não me vejo, pupilas dilatadas tento retomar ao fim do expediente e descobrir quem é você.
02.10.2010 às 17h40