sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Relatos de uma filha apaixonada pelo pai



As lagrimas salgadas e límpidas encheram as janelas da alma e vieram diversas vezes a face na hora da despedida diária quando encerrava o curto tempo de visita.
Foram momentos de apreensão, expectativa, ansiedade e o mais doloroso, foram momentos de reviver lembranças que nos remetem a saudade de alguém que partiu.
O cheiro de éter, os jalecos de cores diversas, os corredores longos, o barulho das rodas das macas passando não nos trazia medo, nos trazia preocupação, passar pelo mesmo processo tudo de novo? O que mais deveria ser aprendido? Com muita fé em Deus e em Nossa Sra Aparecida tudo foi devidamente esquematizado, a quantidade de dias, as horas esperadas, o sacrifício do ir e vir e administrar o tempo,   fomos preparados para enfrentar mais uma delicada etapa com muita parcimônia, dividindo, compartilhando e principalmente emanando amor.
Em um breve momento, em um repentina hora chegou o dia, era no horário do almoço, dia de resoluções de problemas, tarde de calor e sol forte, mudanças, a correria, o desconforto da ambulância, a sirene e a internação. Foram 24horas de muito medo e de incertezas, palavras de conforto e orações fizeram parte da nossa semana.
Amanheceu o dia, a impaciência tentava me dominar, a vontade de estar perto dilacerava o meu eu interior, lutava contra o tempo, paramos, fizemos uma oração e entregamos na mão de Deus a liderança da equipe medica.
Percebi sua presença e daqueles que o acompanhava, sabia que meu pai não estava sozinho, senti sua luz.
Sem notícias e com uma esperança enorme, aguardamos, passaram-se horas eternas, até que no meio da tarde surgi o iluminado, com a voz mansa, um rosto cansado e um sorriso leve no rosto, nos chamou no canto, tirou o celular e nos mostrou o que foi feito, víamos as artérias bombear o sangue, o coração pulsava em um ritmo acelerado e a palavra que nos fez derramar em lágrimas, foi: SUCESSO
Demorou mais 40 minutos, que no meu relógio pareciam horas, abre-se a sala de cirurgia e surge ele, meu pai, homem bom que se fez grande com as jornadas da vida e os leões do percurso.
Aguardamos mais umas "décadas" até poder ver-lo acordar, abrir os olhos ainda atordoado, mas com a certeza em que nenhum momento ele fora abandonado por ti e que ao seu lado uma equipe de luz ainda operava em prol de sua saúde, emocionante o choro que rasgava meu peito.
Sou grata por tudo pelos momentos intensos que estou vivendo desde as minhas primaveras.
Ver-lo bem, lutando pela recuperação é no mínimo valioso. Nosso corpo não é nada diante do que somos capazes de ser. Fé é a palavra de força nesse momento....

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