quinta-feira, 10 de março de 2011

Deixa eu ficar aqui por um breve momento

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Posso ficar aqui até o mundo sucumbir
Tenho o céu sobre mim e o vento em minhas mãos
Tenho o Sol a me acariciar e o seu reflexo a iluminar
Tenho escolhas de ser, estar e existir
Sorrir e refletir
Tenho a mim conheçendo meus segredos
e as palavras entre os dedos.

O Aspira

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Acalma-te espírito
Pois nesta batalha diária existirão generais incapacitando seus feitos.

Perdoai
A vida os treinou para isso.

Chorai
Seja por tristeza ou raiva de si
Alegria ou alívio.

Silenciai
Para escutar o que seu coração diz.

Procurai
Aqueles que junto a ti farão dos seus dias, Céu azul e Sol forte.

Erguei
Seu Corpo, pois sentada terás dificuldade de vencer esta guerra.

Escutai
Aqueles que também os critica.

Fazei
Das suas palavras caminhos a realizar.

Importa-se tanto com alguns generais que a sua única reação é calar e deixar os olhos falarem.

Chorai mágoas
Chorai decepções
Chorai frustrações alheias
Apenas chorai para acalmar esta dor no peito e o nó na garganta.

Seja água
Seja vento
E nunca rocha

Seja um mártir
E nunca martírio

Seja o que és e deixe o vento consumir as cinzas de palavras infelizes.

Navegai
Andai
Voai

Deixe de ser as frustrações dos seus generais e seja!

Seja o "aspira" sonhador
Seja o "aspira" sem obrigações para galgar patentes

Seja apenas "O ASPIRA"

quarta-feira, 9 de março de 2011

Domingo de Carnaval

Foto: Helcymar Artoni

Enquanto todos pulam no caldeirão, ela acabara de sair dele.

Ao descer em busca de uma fuga para a sua mente e o seu corpo, os seus olhos foram direcionados ao céu.

É sempre assim, toda vez que procura respostas para perguntas sem interrogações as suas janelas d'alma se abrem para a constelação costurada no manto negro que a envolve.
A paisagem se move pela janela do carro, seus ouvidos deixavam de escutar o que conversavam e neste momento ela pode enxergar adiante, proximo ao seu ponto de chegada, um tímido e belo sorriso. Era um filete dourado em meio ao infinito.

Tudo parou, estava na hora de partir, a noite já tomava conta do seu domingo e assim foram deixados no porto de caixas de pensamentos, onde de hora em hora são transportados dissabores, esperanças, saudades, lembranças, espectativas e solitudes.

Flutuando nas águas furta cor, reflexo da selva de pedras, ela via olhares, tais como aqueles encontrados diante do seu espelho, olhares que guardam segredos de uma vida, cada palavra desenhada em um pedaço de papel qualquer largado em cima do seu violão transmitia os seus pensamentos, e nele estava você.

Pensava na sua cara de bobo ao citar a palavra saudade, na saudade ao perguntar quando iriam se ver, na melodia ao escutar aquela música que em uma noite dessas fez parar o mundo e só vocês estavam a "mergulhar" em um movimento único.

As palavras sumiam de suas mãos e agora sua atenção era outra, o mar deslizava e dançava ao som dos motores e as pequenas mãos de seu príncipe não desgrudava da cadeira, a primeira vez sempre deixa um nervoso com pitadinhas de ansiedade.

Vi, quando suas mãos eram postas em cima das dele e sem palavras ela o tomou em seus braços e o envolveu em um amor sublime.

Chegando do outro lado conversaram, fizeram planos e partiram junto com a cavalaria que os aguardavam.
Entre luar, mar e música, nada a desconectava, tantas voltas e a distância só fazia estar mais perto.

E foi assim que ela retornou, com um olhar saudoso e o sorriso nos lábios.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O mar engoliu a Lua

Foto: Baixaki


Aproximava-se do ponto mais alto que encontrara.

Cabisbaixa, não por melancolia, por distração mesmo e pensamentos que eram consumidos entre os dedos. Ela caminhava e o vento acariciava seus cabelos, amenizando o calor dos raios do astro rei.

Quando se deu conta estava sentada na balaustrada observando o mar. O azul cristalino havia desaparecido. Pronto! Arregalou os olhos negros e a única coisa que pensou foi: “O Mar engoliu a Lua!”

O brilho prateado não pertencia ao céu, parecia que haviam invertido as posições. O azul preenchia até o horizonte e abaixo dela o cintilante da cor prata a cegava.

Uma beleza sem igual, uma composição harmônica que condizia com seus sentimentos.

A melodia tocada pelas ondas emudeciam a selva de pedra que a cercava. A contemplação era compartilhada, todos fazendo “upload” ao mesmo tempo de um único servidor.

Cada segundo de Chronos era um presente ganho, ela na balaustrada não desejava mais nada, queria somente estar consigo, abria os braços para sentir a liberdade de voar sem ao menos sair do lugar, deixava as cinzas do que passou serem levadas e entre um suspiro e outro permitia-se sorrir internamente, fazendo seus órgãos festejarem.

Ao lado dela pude perceber que somos uma e trazê-la de volta tem sido uma batalha deliciosa de vencer.

Bom, Chronos aproximou-se e informou que para toda contemplação há uma pausa sensata, pegou sua bolsa enquanto ela se despedia e fez ela guardar aquele momento para que sempre fosse presente esta dádiva concedida.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sementes

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Estava ali o tempo todo.

Aparecia naquele jardim quando a seca ameaçava devastar, em meio a tantas flores existia uma rosa e lá vivia a menina de olhos negros que um dia havia fugido, às vezes ela arriscava descer pelas pétalas aveludadas e sabia exatamente onde pisar sem machucar a si, mas de vez em quando um vento forte fazia com que ela se desequilibrasse e se ferisse.

Triste, retornava ao seu lugar seguro. Lá onde as pétalas lhe abraçavam.

O ultimo vento que passou, trouxe uma tempestade que a fez desistir de si mesmo, não por esse vento, mas sim pelo simples fatos de que houve ventos que a devastavam na mesma intensidade e da mesma forma.
Ela havia cansado de tentar e então resolveu desistir, só que existia um jardineiro, aquele que a observava, aquele que chegava de mansinho e não desistia dela.

De tantos ir e vir as pétalas foram caindo e desnudando a única rosa do jardim, sentada sobre as pétalas caídas ela olhou e notou que a seca nunca havia devastado seu jardim, que ainda sim haviam brotos surgindo.

Parado ali próximo, a observar, havia um jovem jardineiro que sabia exatamente "seus passos, conhecia seu erros" e acima de tudo o que seus olhos negros diziam sem que as palavras fossem ditas.

Nesse encontro entre eles, uma semente penetrou em seu coração ferido por tantas ventanias, mas ela seguiu em frente e se afastou pois ainda era dominada pelo medo de estar cometendo mais um erro, negou esse sentimento, pensando que a fragilidade a fazia desejosa de carinho e atenção, como fora diversas vezes.

Em um momento de lucidez, ela resolveu sair um pouco, decidida a desistir de si e dominada pelo simples fato de congelar seu coração ela o reencontrou, no mesmo dia em que a ventania passou.

Ao longe, disse um "oi" com quase adeus.
Não era suficiente para ele, aguardou um momento e solicitou que se aproximasse, sabia que ela não estava bem, sentia isso e assim seguiu com ela.

No caminho, breves conversas e uma luta tentando fazer com que ela desistisse daquela insana ideia de "jogar a toalha", ela o escutava atentamente pensando porque ele insistia, mas mesmo assim tinha vontade de manter a sua palavra. Suas mãos acariciavam seus cabelos e ele continuava a falar e em diversos momentos arrancava sorrisos.

Em sua mente duas perguntas martelavam: "Para que continuar a insistir em algo que lhe fazia doer? Em algo que sempre soube como iria acabar?"

Deu-se um tempo, no suave deslizar suas palavras duras a despertou, calou-se e se rendeu aos poucos, pois estava com medo do que estava por vir, era difícil acreditar quando o que sempre ouvia eram mentiras, mas quando trata-se de reações físicas nem as mentiras se sustentam.

Aos poucos, o jardim recomeça a florescer, o jardineiro continua a cuidar com o objetivo de fazer florescer as suas sementes, as nuvens estão a dissipar para que o sol e a lua sejam vistos com mais clareza.

Sentada em meio a tantos brotos, a menina de olhos negros analisa e consegue estar tranquila, como por poucas vezes pode sentir.

Às vezes creio que as palavras daquele palhaço que a fez sorrir por diversas vezes e que se parece muito com ela tenham surtido um efeito positivo, às vezes faço-me acreditar que aqueles anjos sem asas que passaram perto do jardim e com um breve olhar sobre ela a fez crer que ainda há esperança. E por muitas fezes faço-me acreditar que enquanto as águas doces a cercar e a floresta te proteger, tudo ocorrerá no devido momento, sem pressa, sem receios, sem aflições.

Que assim seja e assim se faça!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma tarde dessas...

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O sol se põe diferente a cada dia.

Alguns têm o dom de musicá-lo ao cair da tarde, outros de descrevê-lo em versos e em prosas, e o sentido de algo sublime muda nas mãos de quem o faz ser seu pertence.

No som do atabaque que comanda os passos de uma capoeira lucrativa consegui viajar naquela imensidão a minha frente, o reflexo dos seus raios sob as águas, o vento nos cabelos e a grama abaixo dos meus pés me faziam sublime

Os transeuntes, o barulho urbano e os vendedores sumiam aos poucos e por exatos três minutos, estava somente eu, o sol, o vento, o mar e o canto dos pássaros e por esses minutos pude sorrir por inteiro.