terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vivendo meu inferno astral


Olho ao meu redor em busca de respostas, são tantas perguntas em minha mente que fazem do meu dia um silêncio de palavras escritas.

Sinto-me estranha, é como se alguns lugares não fizessem parte de mim, é como se eu fosse duas pessoas diferentes, não me reconheço diante do espelho. O meu reflexo lentamente se afasta e a cada vez mais distante, fico impossibilitada de escutar o que tem a me dizer.

Sinto dores das mazelas de um coração com cicatrizes irreversíveis, ouço vozes depreciando o meu estado de espírito, respirar torna-se uma missão quase impossível, a melodia decadente de alguém que sofre é soprada pelo vento frio que entra pela fresta da janela e inebria o ambiente embebedando o meu ser, a visão turva dificulta a formação de um texto conciso.

O céu está cinza e lentamente a chuva cai no mesmo ritmo que as lágrimas escorrem em meu rosto, hoje a introspecção me levou para um quarto escuro e sem enxergar agucei o que me incomoda, dei vazão aos pensamentos engavetados, pensei como se hoje fosse o meu penúltimo dia e sofri, pois senti falta de muita coisa em mim, meu resgate está sendo difícil, este ano completa 10 anos de buscas intermináveis, de planos que foram jogados fora, de cursos dos rios que foram modificados, de pontes construídas que não levam a lugar nenhum.

A areia do tempo corre na ampulheta e eu estou a observar, preciso partir antes que eu seja engolida pelo meu próprio pezar, preciso voar para sentir a brisa em meu cabelo, preciso sentir o brilho do sol em meu corpo, preciso ver a lua nascer, preciso ouvir o mar em uma noite estrelada, preciso enlouquecer, preciso me descontrolar, o trem já está andando e nas estações tento achar as respostas e até o momento não as encontrei, mas a vontade de saltar é grande, correr o risco de cair perturba meus dias silenciosos.

O meu inferno astral já está chegando ao fim e com ele a introspecção partirá, deixando resquícios de uma turbulência emocional e ainda assim não sei o que fazer...


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Everybody Hurts - R.E.M



When your day is long
And the night the night is yours alone
When you're sure you've had enough of this life
Hang on

Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts, sometimes

Sometimes everything is wrong
Now it's time to sing along
When your day is night alone (Hold on, hold on)
If you feel like letting go (Hold on)
If you think you've had too much of this life
To hang on

'Cause everybody hurts
Take comfort in your friends
Everybody hurts
Don't throw your hand, oh no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone

If you're on your own in this life
The days and nights are long
When you think you've had too much of this life
To hang on

Well, everybody hurts
Sometimes, everybody cries
And everybody hurts, sometimes
But everybody hurts, sometimes
So hold on

domingo, 5 de setembro de 2010

Sou diferente e ponto!

Foto: Google imagens


A cada dia me reconheço um pouco mais, deixo de ser hipócrita para realmente acreditar e aceitar que sou diferente.

Gargalhadas pausam meus pensamentos quando relato isso, pois da minha mente vem as imagens mais loucas e alucinantes do que é ser fora do comum, dedos a mais, olho na testa, braços extras, entre outras insanidades. Bom, voltando ao confessionário, sei que a razão me pertence em poucos momentos, mas a emoção é pura e intensa, e por esse motivo dissolvo em amor, diluo em lágrimas, transpiro raiva quando tenho motivo, arranho a garganta nos gritos engasgados e brilho em sorriso.

Ai caramba! Eu sou assim e isso não me incomoda, pelo menos hoje em dia (risos). Sei que assusto e sinceramente não sei em que ponto faço isso, é uma ação inconsciente e desprentesiosa. Convivo com essa miscelânea de reações, mas me permito desacostumar diariamente, desprogramando os medos que aparecem quando tudo é indicação de um "déjà vu".

É difícil encontrar alguém que seja desprendido de possessividade, é difícil encontrar alguém que possa perdoar no coração os erros, é difícil encontrar alguém que sinta uma inveja não prejudicial, é difícil encontrar alguém que te apoie em todos os sentidos, é difícil encontrar alguém que pense no coletivo. Não sou perfeita e nem possuo todas as qualidade 100% do tempo, sou um ser humano e nesta classificação eu erro, tenho sentimentos ruins também, somos o Yang e o Ying e um só corpo, às vezes no equilíbrio, onde tento me manter a maior parte do tempo e às vezes descompensados (risos).

É isso! Repito que sou imperfeita, pois gosto desta posição, desagradar de vez em quando é muito bom, decepções existem para podermos encarar a realidade de termos defeitos e assim lapidamos para encontrarmos a beleza de ser somente essência e enquanto eu acreditar nas pessoas, apostarei, porque vale a pena.

Sou diferente e ponto!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A própria arte

Foto: Google imagens

Respiro inspiração e expiro palavras
Desenho desejos e sorrio paixão
Enxergo o colorido de Monet em tons pastéis quando a tarde cai
Ouço a composição de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli quando "o barquinho" ronca em alto mar
Vejo as figuras de Caribé que acenam do alto do farol, dançando contra luz entre um vendendor de coco e um transeunte baiano tilintando os seus colares

Sinto o cheiro do mar na mistura do aroma do acarajé
Sinto a vontade de cantarolar no batuque da capoeira
Sinto vontade de sumir nesta imensidão do mar e nela dissolver em amor para nunca mais voltar

E a cada minuto que o astro rei despede-se do hoje para despertar amanhã, nunca do mesmo jeito, sempre diferente, mas da mesma maneira, consigo despertar sensações e me pego a pensar por quantas vezes estive aqui, por quantas vezes sento neste mesmo lugar e olho o horizonte, como se todos os dias fosse uma despedida sem fim

Não me vejo impossibilitada de ver o mar
Não me vejo sem poder sentir o seu cheiro
Não me vejo sem ao menos banhar em ti e me perder em suas águas

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quando



Foto: Carla Palmeira


Quando se tem muito a dizer e as palavras não conseguem se organizar
Quando um sorriso tímido nasce no canto dos lábios e cresce por um único pensamento
Quando uma melodia toca tão fundo que parece despertar as borboletas adormecidas no estômago
Quando tudo torna-se colorido e é perceptível as linhas perfeitas do arco íris
Quando o olhar se perde no horizonte e segue o pôr do sol
Quando o tempo se arrasta só para "sacanear" o desejo de ter e ser
Quando e só por um momento, adormeço pensando
Posso ter a certeza que vale a pena, só pelo simples fato de poder ter o prazer de sentir tudo de novo de forma diferente
De cores vivas
De melodias ricas e rimas pobres ou vice versa
De arte ou de diversão
De amadurecer ou se infantilizar
De poder calar e apenas observar
De sentir e vibrar
De ouvir e sorrir
De curtir e esperar e calmamente colocar os passos em ordem, sem planejar, sem pensar no que será
Somente desejar

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cada arte guarda o segredo de sua existência

Foto: Ade_Zeus

Adoro quando me perguntam o que cada desenho gravado em diferentes partes do meu corpo significam para mim.

Gosto de "filosofar" sobre o "por quê" de cada detalhe da minha vida, para aqueles que desejam ouvir, pois cada ciclo vivido é recheado de aprendizado e consequentemente crescimento pessoal.

Lembro-me bem que eu era diferente desde criança, não me achava especial por isso, hoje tenho outra ideia, sempre menosprezei meu potencial, mas tenho melhorado bastante (risos).

Para uma criança de 7 anos os desenhos da Disney eram tudo, naquela época, para mim também, porém muito melhor eram os filmes clássicos em preto e branco ou os musicais, poderia citar infinidades de filmes que amava, mais o papo hoje não é esse, fica para a próxima...

Bom, pulemos para os meus 15 anos, debutante rock in roll (risos), totalmente rebelde, sem festinha com valsa, sem sapato de salto e sem vestido rosa, totalmente de preto, algumas mechas azul no cabelo, um coturno para completar o estilo e minha linda avó pedindo que eu colocasse uma roupinha mais clara...tsc tsc tadinha! A única coisa que eu queria de presente era a autorização dos meus pais para minha primeira tatuagem...não consegui, nem fazendo a carinha do gato de botas.

Esperei três longos anos, mas valeu a pena, aos 18 anos passei por uma experiência extraordinária de autoconhecimento, reclusa durante 7 dias pude reviver e trabalhar os meus pesadelos e quando voltei desta viagem fiz a primeira tatoo, um ideograma japonês que significa uma etapa no meu crescimento, CORAGEM. Quando ouvi a maquininha zunindo perto do meu ouvido, tive a certeza que pelo menos mais algumas viriam completar minha coleção de arte.

Quando meu irmão viu, enlouqueceu, queria uma também, eu cheguei a desenhar para que ele fizesse, eram asas de um anjo em tribal, infelizmente ele não chegou a fazer, foi embora antes, demorei mais sete anos para poder fazer a segunda tattoo e já tinha em mente o que eu queria, dois anos após a sua partida ganhei um presente, meu filho, aí só tive a certeza de que o desenho era perfeito para os dois, tatuei um ANJO.

Passaram-se alguns anos e resolvi trazer algo que começava a florescer em mim, a Deusa a quem eu sempre segui, a que eu inconscientemente saudava todas as noites, a Deusa que me inspira até hoje em grandes dificuldades, tatuei a DEUSA DA LUA CRESCENTE, Diana, a guerreira, a caçadora e que ao mesmo tempo, consegue ter a beleza delicada e serena.

Devido algumas transformações decisivas na minha história, sentia a necessidade de fechar um ciclo. Gritar palavras não fariam os mesmos efeitos do que suportar a dor de transformá-la em imagem, ressurgindo das cinzas, começo a parte de um dos desenhos mais representativo neste momento, a FÊNIX...

E assim são os ciclos, sempre ímpar, pois o par é a perfeição e o perfeito é a nossa eterna busca, ou seja, virá mais uma, não sei quando, não sei como e nem sei o que...