sábado, 6 de fevereiro de 2010

Artistas de Rua

Quando se tem algo a dizer
não importa o tempo que tens
ou onde será
o que importa
é que tens pessoas para te ouvir
e o pôr do sol para abrilhantar

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Eu x Eu

Deixo para trás o conforto dos braços de Morfeu e caio nas ruas da solidão por onde passam pessoas, por onde os pensamentos transitam
Vejo-me caminhando em direção ao forte (Farol da Barra) e daqui do alto sinto a energia do sol preencher cada poro do meu corpo
A brisa do mar refresca a tarde que daqui a duas horas tende a cair para que a escuridão da noite abrilhante o encerramento dessa sexta-feira sem trabalho
A boca seca suplica algo gelado para abrandar o calor
Onde nos apresentamos pela primeira vez tive a esperança de reencontrá-lo
E na imensidão azul que vejo na minha frente penso nos erros que cometi, nas oportunidades que deixei passar, no tempo que perdi e não sei o que fazer
Ouço a voz de Nando Reis melodiando palavras que me relembram como sou

Será um sinal?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Parei no tempo e no espaço

Parei no tempo e no espaço esperando você vir me buscar
Pareço menina quando olho nos seus olhos me perdendo neles e mergulhando sem pensar
Derreto-me com o toque de suas mão em meus cabelos
Tremo ao ouvir sussurro de amor ao "pé do ouvido" e no calor dos seus braços aqueço-me do inverno da solidão desejando que o relógio pare de trabalhar e que aquele momento permaneça intacto...toca o alarme do celular avisando a chegada da realidade
Ao acordar, percebi que mais uma vez estavas em meus sonhos e que desconheço ter te visto algum dia
Você tornou-se um mistério de noites repetidas

domingo, 31 de janeiro de 2010

Como era bom ser criança

Doçura no olhar que é endurecido ao passar dos dias
Sinceridade aceita na multidão e criticada ao crescer
Curiosidade saciada a cada resposta dada
Descobertas incríveis:
quando tomamos consciência de que não precisamos das mãos para poder se deslocar
quando o choro deixa de ser a única forma de chamar a atenção de quem nos ama
quando sugar se torna tedioso e o desafio é usar o garfo para se alimentar
quando as letras formam palavras, frases e textos
quando a pressa é a razão para desvencilhar obstáculos das fases de crescimento
Depois disso a infância passa, a adolescência chega e as dúvidas se instalam e com elas os medos pairam os passos dentro do seu mundo: grupo de amigos da escola, do condomínio, dos primos, dos amigos de seus amigos, dos primos de seus amigos...
Carregado de informações os meios de comunicação arrotam palavras e atitudes repentinamente:
Preconceitos >>> cheio de denominações que aprendemos quando adultos
Ingenuidade >>> arruinada pela mídia
Medos >>> que fazemos maiores quando somos pequenos
E assim tenho saudade de como era bom ser criança

sábado, 30 de janeiro de 2010

2 de Fevereiro

Janaína - Otto

"Disse um velho orixá pra oxalá
Pra acreditar
Pra não temer, temer, temer
Desses tempos verdadeiros
Tempos maus

Disse um velho orixá pra oxalá
Pra acreditar
Pra não temer, temer, temer
Desses tempos verdadeiros
Tempos maus

Dia 2 de fevereiro
Dia de Iemanjá
Vá pra perto do mar
Leve mimos pra sereira
Janaína Iemanjá
Pra perto do mar
Leve mimos pra sereia
Janaína Iemanjá

Havia rosas no mar
Havia ondas na areia

Lá em Rio Vermelho
Em Salvador
Vamos dançar
Dia 2 de fevereiro
Dia de Iemanjá
Leve mimos pra sereira
Janaína Iemanjá

Disse um velho orixá pra oxalá
Pra não temer
Pra não temer
Dia 2 de fevereiro
Festa lá no Rio Vermelho
Em Salvador vamos dançar
Leve mimos pra sereia
Janaína Iemanjá

Havia rosas no mar
Havia ondas na areia
Vá brincar no Rio Vermelho
A festa de Iemanjá
Salvador está em festa
Vou cantar

Vou cantar, ahhhhh
Pra saudade sereia
Vai brincar na areia
Para acreditar

Pra saudade sereia
Vista de branco
Dia de lua cheia"

Silêncio - Clarice Lispector



"É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. Desse silêncio sem lembranças de palavras. Se és morte, como te alcançar.
É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Inútil querer povoá-lo com a possibilidade de uma porta que se abra rangendo, de uma cortina que se abra e diga alguma coisa. Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento. Vento é ira, ira é a vida. Ou neve. Que é muda mas deixa rastro - tudo embranquece, as crianças riem, os passos rangem e marcam. Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz.
A noite desce com suas pequenas alegrias de quem acende lâmpadas com o cansaço que tanto justifica o dia. As crianças de Berna adormecem, fecham-se as últimas portas. As ruas brilham nas pedras do chão e brilham já vazias. E afinal apagam-se as luzes as mais distantes.
Mas este primeiro silêncio ainda não é o silêncio. Que se espere, pois as folhas das árvores ainda se ajeitarão melhor, algum passo tardio talvez se ouça com esperança pelas escadas.
Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.
O coração bate ao reconhecê-lo."[...]