quinta-feira, 10 de maio de 2012

Chegou a Hora!


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"Escrever é registrar o sentimento da sua alma. Publicar é o seu grito de liberdade."
Carla Palmeira


Sempre soube que a realidade é cruel e o sofrimento é o resultado da falta de preparação. Então, peguntava-me todas as noites enquanto sozinha em meu quarto, enquanto os carros passavam lá embaixo, os passarinhos cantarolavam e a casa se movimentava, o sono era interrompido todas as madrugadas pelos caminhos que os dedos percorriam no teclado de um computador iluminado por uma lâmpada incandescente sem ideias, não eram os meus dedos, nem eram meus pensamentos, eram apenas a minha paciência e a submissão pelos julgamentos impostos em um retorno. 

Por que viver nessa realidade tão avassaladora?  

Não advenho de família sem condições financeiras, nunca vi meus pais passarem "aperto", nunca presenciei um corte de luz ou água por falta de pagamento, sempre tive a minha cama quente mesmo com chuva, sempre tive comida na mesa em dia de seca, chuveiro elétrico em tempo de frio, roupas de boa qualidade nas datas festivas, festa de aniversário até os 10 anos por escolha minha, nunca tive mesada, mas se a solicitasse eu haveria de ganhar, nas férias nunca tive problema com tempo ocioso, pois estávamos sempre viajando.

Passei por algumas dificuldades que me fizeram crescer e ter a certeza de que a fantasia só é boa nos livros de contos de fadas.

Busquei responsabilidade desde cedo e mesmo sendo correta nunca era elogiada, pensava em fazer diferente do que vivi com os meus progenitores se um dia realizasse o meu maior desejo, ser mãe. Quando queria ser notada a pirraça era minha arma mais forte, mas devido as consequências, optava pela desistência, hoje pago pelos erros cometidos, ouço pela permissividade e o sorriso inocente torna-se um sorriso sutil ao passar dos anos.

Bem tarde a hora chegou, e se o momento é agora, fica claro o "porque" de muitos mudarem. É bem verdade que foram alvos de minhas críticas nada construtivas e hoje na cartilha de errado e certo, fui a que mais errou, talvez por não saber como agir ou por permitir a superproteção e não reagir. Criei um mundo que nunca existiu, era cômodo fingir não existir problemas, lá eu sentia que não incomodaria ninguém, lá eu era amada, mesmo que superficialmente, mesmo que por interesse, mesmo que fosse de aparência.

O medo da perda surgiu quando um pedaço de mim se foi e a realidade ficou cada dia mais distante, depois de ontem o que se tornou distante foi a fantasia, sem desculpas, sem perdões, sem pudores e sem restrições serei mais real. As perdas existirão e nesse momento tenho algumas certezas que antes não pertenciam a mim e preparo-me para o amanhã de cada dia, metas já foram processadas no silêncio das horas e serão contempladas ao passar do tempo.








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