A colombina chorou ao se despedir do seu pierrô que voltara para casa ao fim de seis dias, as princesas retornaram a suas torres, pois os príncipes viraram sapos, os colares se partiram depois de beijos, abraços e amassos, as pernas perderam o compasso, as lágrimas borraram a maquiagem e a chuva lavou o que restou de um grande amor.
As máscaras ao chão enlameavam-se, despiam aquele que se disfarçava na multidão e agora faziam parte do caminhão que passou sem deixar marcas, que limpava o que fora deixado pra trás, entre quedas, rompimentos e surpresas, a vida aos poucos volta ao normal e um vazio preenche alguns corações, talvez por um amor de carnaval ou por um beijo sem nome, talvez por uma conversa a dois que não se terminou.
Há de quem trabalhou e que em algum momento voltou para casa mais verdadeiro do que quando se terminou, com rompantes de romantismo que se quebrou em palavras duras, com afagos que rompeu-se em rispidez, um desejo a noite, uma mudança pela manhã e um dia pensando na pessoa amada.
Há também quem brincou junto, dividindo sorrisos, alegria, palavras, conselhos e carinho. Quem ouviu as dores, as lembranças e quem viu o coração apertar e os olhos chorarem. Quem compartilhou saudade, que confessou desejos, mistérios e quem confiou. Há quem também nada disse, que se calou ao ver-lo entrar, que sentiu uma imensa vontade de agarrar e dizer que está tudo bem.
E ainda há daqueles que nada viveu, somente sonhou, criou e partiu em meio as nuvens que o cercava, dissipando com a melodia que chegava baixinha pela porta e assim como toda a história que tem um fim, faz-se mais um carnaval, para encontrar o que um dia perdeu ou para viver o que se não viveu...
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