segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Percepções - Cheia

Pintura: Sandro Botticelli (cerca de 1485)


Encerramento de um ciclo?

Sem expectativas, só a certeza de que tudo aquilo fazia parte de mim.
Lá do alto eu podia sentir a energia emanada, descíamos por uma estrada de barro, tudo escuro, os faróis iluminavam apenas três passos a frente e éramos cercados de árvores frondosas.
Quando meus olhos tiveram a oportunidade de enxergar além da escuridão, pude observar um vale que era iluminado pela clareira da fogueira, que queimava ardentemente todos os desejos ocultos de encerramento de um ciclo e os meus viraram cinzas...
O círculo sagrado já estava formado para reverenciar a Grande Mãe e as chamas das velas iluminavam as nossas posições que inevitavelmente éramos acompanhados pelo nosso animal.
A Lua com sua beleza imponente nos recebeu em um céu límpido ao som harmônico das quedas d'água que nos circundavam e totalmente tomada por essa energia deixe-me levar.
Sonhos reveladores, perguntas com respostas definitivas e na introspecção da volta pude consagrar na taça rubra o meu silêncio e foi ele o meu companheiro de retorno ao mundo. Muitas outras perguntas fizeram parte da minha bagagem, com apenas um detalhe: A PERCEPÇÃO... Percebo-me outra mulher, outro espírito, outro ser, percebo-me filha de quem sempre olhei distante e hoje a pertenço.

"Que assim seja e assim se faça"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Deixei de pensar, só não parei de existir...

Foto: Paulo Henrique - 8 anos


Vejo na linha do horizonte os primeiros entrelaçares das letras que formam frases e que determinam sentimentos, na espuma das ondas vejo a borracha borrar as marcas na areia e o meu vazio transforma-se em oco sem eco.

As páginas em branco são folheadas afim de serem preenchidas e os dias vão seguindo.

O que parece ser complicado torna-se fórmula de matemática para ser desvendado e os problemas sem solução tornam-se solúveis em água salgada que as janelas da alma derramam em um quarto escuro.

Deixei de pensar, só não parei de existir
Posso tentar diversas vezes
Parar? Não!
Deixar de pensar e continuar a existir


domingo, 17 de outubro de 2010

Solitude



Quantas pessoas sozinhas existem no mundo? E será que neste mundo ao qual faço-me pensar, escrever e viver, alguém tem as mesmas indagações?
Quantas pessoas sozinhas estão pensando em sua solidão?

Se olho para o céu e pergunto porque estou aqui, ele não terá a resposta.
Se deito com a luz do luar e as estrelas aparecem no tilintar da escuridão, a sua melodia não dirá porque a cama encontra-se vazia.
Se resolvo, em um momento, não acordar, em meus sonhos virão pistas para achar uma resposta para minhas aflições.

Minha jornada só está começando e quando eu voltar pretendo continuar andando, sem decisões precipitadas irei "levando" e quando esmorecer...volto ao ponto onde posso me reconhecer.


sábado, 16 de outubro de 2010

Percepções - Crescente

Google imagens

Purifiquei o corpo e a mente, corri para o seu encontro.
Meus olhos percorreram a imensa capa preta que cobria minha cabeça a procura dela, segundo uma amiga, naquele dia, a Lua era "o sorriso de São Jorge".
Quando encontrei aquele brilho inconfundível em meio as nuvens pude enxerga-la, a divindade quase que nitidamente, seu perfil era sublime, o seu semblante era tranquilizador e enquanto as nuvens iam desvendando seu mistério ao passo das minhas palavras, pude sentir-la em mim.
Uma conexão energética indescritível.

Algo mudou em mim...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Feliz Dia das Crianças!


Leilão de Jardim - Cecília Meireles

Quem me compra um jardim com flores?

borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio
de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua
canção?

E o grilinho dentro
do chão?

(Este é meu leilão!)

"Penso que para alguns, por muitas vezes, a doçura endurece ao passar dos anos, não pela idade que completamos ou pelas rugas que ganhamos, mas pelas mágoas que vivemos ou por dores que sentimos." (Carla Palmeira)

sábado, 9 de outubro de 2010

Percepções - Nova

Hoje, inauguro um novo ciclo, hora de escolher o que plantar para semear posteriormente, novos ciclos e diversas mudanças, do pó virei a tona e farei tudo diferente, nenhuma decisão a ser tomada, porem muitos planos, ideias que vão se desenvolvendo no imaginário e ainda não são um fato real.

A calma preencheu meus dias, o desprendimento de muitas coisas vinheram a tona, conversas em um café me fez repensar neste momento e nas oportunidades que estão sendo mostradas, no valor que tenho e que evito enxergar, nas palavras que ouço e que não me faz bem e mesmo assim as ouço, na certeza que energéticamente podemos ter irmãos de vibrações intensas e na mesma harmonia.
O dia de hoje surpreendeu, ouvi palavras por telefone que não esperava e estas sim me fizeram sorrir, ser importante para alguém que nunca imaginei, resumindo, estou lisonjeada...


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Percepções - Minguante

É incrível a influência da Lua, vivo suas fases intensamente.
Quando estamos minguante vejo a possibilidade de expurgar o que incomoda, tiro a poeira, arrumo a cabeça e vejo o lixo encher. Ao fim deste ciclo de sete dias fecho o saco e traço o seu destino na possibilidade de encerrar e firmar o que eu
não quero.

Essa semana algo explodiu dentro de mim, falei tão alto o que estava engasgado na garganta que chegou a abalar algumas estruturas, foi um grito pela liberdade, foi um grito de dor pelo peso que carrego e como todo grito ecoado restou o silêncio e a reclusão. Estou prestes a entrar em auto combustão, procuro minha pira funerária e nela transformarei-me em cinzas...



domingo, 3 de outubro de 2010

Ontem recebi uma mensagem e a angustia tomou conta de mim...quem é você?

Desenho: Carla Palmeira


Não é um dom, mas as imagens e as palavras surgem como projeções na solidão dos pensamentos. O lápis torna-se tradutor de tanta sensibilidade que transborda do tanque de emoções, a música dá o tom dos movimentos desta dança sem par, pois no extremo consigo externalizar através da arte que habita em mim.

Neste momento calo-me diante de tanta energia emanada, sinto as mãos tremulas de tal forma que não reconheço minha letra, o sangue em meu corpo corre devagar e as pontas dos dedos vão ficando geladas, a visão embaçada me traz simultâneamente visões de mundos diferentes. Posso ver o tempo correr.
Um enjoo momentâneo traz o gosto de sangue a boca e sem controle sob o meu corpo acelero as palavras no intuito de encerrar algo que agora está sem o menor sentido, uma pausa de alguns minutos e o telefone toca conseguindo me resgatar de um transe consciente, olho-me no espelho e não me vejo, pupilas dilatadas tento retomar ao fim do expediente e descobrir quem é você.


02.10.2010 às 17h40