quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Renúncia?

Neste momento choro e o choro são as palavras desorganizadas que não formam frase, a expressão da dor que sinto sem conseguir montar uma linha de raciocínio compreensível por outros, pois só quem choras sabe o que está acontecendo dentro de si. É um sofrimento em gotas d'água, é um aperto que dói o peito, é a paralisia do seguir em frente e ao mesmo tempo é o que deixamos para trás, é a vontade de estar em um quarto escuro em posição fetal ouvindo o bater do coração, o pulsar do sangue, o som de um respirar mais forte e não sair mais de lá, é se sentir impotente, culpado por permitir que tudo isso impeça de seguir em frente.

Estar em uma semana de alterações hormonais, uma aflição aparente e com todos os motivos de estar assim, um luto que só tem começo, um novo ciclo que está prestes a iniciar e só martela na sua cabeça: "O que você está fazendo com o tempo que tem?" 

Penso se tenho a opção de desistir de tudo, de mim, das conquistas, abdicar das minhas vontades, desejos e percebo que é tão somente vontade, e vontade vem e passa. Desistir nunca foi uma opção, pelo menos pra mim, pois hoje tem um alguém, tem sempre algo, um alento, um conforto, uma palavra que sobressai e faz com que eu continue em frente, que oferece um sopro de vida e não um suspiro de despedida, tem a fé também, que faz a diferença, a fé do invisível, de que por mais que esteja difícil, existe uma chama acesa do que defino como resiliência.

Fico com meus pensamentos, procurando palavras conhecidas que possam chegar perto de significar todos esses sentimentos que estão brotando, busco respostas para o que está acontecendo, peço ao invisível, aos céus, universo, estrelas, lua, sei lá...uma mensagem mais clara, não entendo o que vem pela frente para que precise passar por isso agora, cada um tem suas questões e as minhas não são menores ou maiores de ninguém, não é sobre isso! É sobre como essas questões nos afetam, é sobre mim, é sobre o que vejo, o que sinto, é sobre o famoso botão do "foda-se!" que não consigo apertar.

E assim, dentro da relatividade do tempo, ele passa, as opções reduzem e o que poderia ser escolha é apenas vontade. 


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Vírgulas

Vírgulas? Pequenas pausas que fazemos durante uma leitura,  uma respiração mais forte ou apenas um suspiro. Talvez um destaque, dando ênfase ao que consideramos importante, relevante. 

Neste suspiro, um respiro, tentando transmitir em voz alta o que é este sentimento. Por muitas vezes, acredito ser impossível e penso em apenas uma palavra que carrega tanto sentimento que muitos temem em dizer e em até ouvir, alguns banalizam e usam sem imprimir a real carga energética que a compõe. 

Ela tem diversas formas, diversas medidas, pode caber em um potinho, pode ser maior do que o infinito,  se é que existe tal grandeza.

Posso escrever poemas, uma música, um texto, posso te dizer baixinho no ouvido ou ao despertar e mesmo assim, será apenas uma palavra forte entoada. Pode ser um mantra, pode ser escrita, pode ser cantada, recitada, pode vir de amigos, mãe, pai, irmãos, filhos, de um olhar, de ações e ainda assim a palavrinha de 4 letras consegue descortinar infinitas camadas do seu próprio existir.

Ofegante, arrepios, medo, um leve desespero de fragilidade e na mente latejando, morde-se os lábios para que, se escapar, não seja cedo ou demasiadamente tarde.

E o que me orbita neste momento? O que meu corpo sente, pulsa, reverbera, se não for o que estou pensando que seja, se não for essa força, acredito que seja algo muito perto, é um vir pra ficar, é um sopro de despertar, é um querer, é um silêncio cheio de barulho e um barulho neste silêncio.

E com os lábios mordidos, com o coração acelerado, friozinho na barriga, arrisco, confio e registro que tudo isso é o meu amor crescendo. Pegou a visão? AMOR.