terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O fim de mais um dia

Foto: Marcelo Santana


Venho todos os dias aqui.
A cada dia sinto-me pertencente a este lugar, este cantinho do mundo que me salva com o entardecer no horizonte.
O Sol se despede encostando sua face ardente nas gélidas águas cristalinas que banham o Farol, e nestes segundos de amor sem fim desejo estar nas velas daquele barco que vejo deslizar.
Transeuntes circulam em meu lugar de resgaste, cantam, encantam, conversam, sorriem e miram. Apreciam o pôr do Sol e sentados na grama contemplam o espetáculo de beleza que é pintado diante de si.
Com o olhar perdido, buscam, no ir e vir da maré, em outros olhares um afago, uma companhia para compartilhar momentos sublimes tal qual os segundos do anoitecer pode proporcionar.
E assim surgem palavras que são levadas nas asas do bem-te-vi que eu vi cantar solitário a espera do retorno da sua amada.
Surgem pensamentos de um universo coletivo trazidos pela brisa.
Surgem imagens imobilizadas por piscar de olhos ou imortalizadas em um "click" de uma máquina.
Surgem lembranças de bons momentos e morrem no apagar das luzes com o sabor de consumo entre os dedos, virando cinzas em uma pira natural para renascer no amanhã de outro sol.

E lá se vão as velas com os ventos, deixando-me na margem a observar.
E lá se vão meus pensamentos, deixando-me com a caneta na mão.
E lá se vão minhas ideias, deixando-me com o rascunho.
E lá se vão sem mim...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As palavras que me sufocavam

Foto: Carla Palmeira

Interessante, posso dizer que é até intrigante como o amor pode carregar tanta contradição no sentir.
Se correspondido ele traz contigo a dúvida, a insegurança e a incerteza de sermos para o outro o que ele é para você.
Se não correspondido ele traz a dor da rejeição, o amargor do não compartilhar o seu melhor, o seu cuidar.
Se inteiro e intenso assustamos e daí vem a consequência da separação de olhares, mas a permanência de palavras soltas sem profundidade, o distanciamento do sentir o toque dos lábios quando as palavras são silêncio de carinho.
Buscamos certos "porquês", incertos "como podo ser", a verdade é que nas vertentes desse sentir não entendemos nada, não há regras ou razão de ser, há apenas o aceitar, há apenas a certeza do que sentes.
E o outro?
Ah! O outro decide o que quer, escolhe se aceita o presente ou renega.
O amor é sublime, quem o sente gosta do que preenche, o amor remexe o seu físico , pulsando o sangue fervente em suas veias, mexe com a pisiquê, deixando-o atordoado, sem o que pensar.
O amor é inconstante, é uma variável em uma equação matemática. Tendo um resultado positivo, em alguns problemas, ou se tornando uma incógnita para ser resolvida por algum PHD.
Para o amor não há razão e sim emoção, lubrifica os olhos e plastifica sorrisos, cria borboletas no estômago e provoca arrepios. O amor é uma droga saudável que vicia.
Até o amor incondicional pode machucar, pode driblar nossa expectativa e esborrachar com um tropeço. A conclusão é que não há direção, não adianta optar pela razão ou pelo retorno a concha. É apostar e pagar pra ver o que pode acontecer.
Sou e estou tanta coisa ao mesmo tempo ou em pedaço de tempo que a intensidade que vivo consegue me fazer feliz estando triste, sorridente estando solitária ou paciente quando dilacerada, mas o cansaço, esse sim, é certo como 2 + 2 são 4, é permanente e temporário.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Um sonho que tive




Uma praia e a sensação de estar assistindo um filme antigo, as cores em sepia pareciam mostrar um passado retrô acontecendo naquele exato momento, algo exaustivo que a sensação dominou meu corpo, acordei algumas vezes, mas voltei a dormir logo de imediato tendo a oportunidade de continuar onde parei, ainda não sei o que significa, mas sei que meus sonhos dizem muito mais do que eu pretendo saber, eles me preparam, por isso consigo compreender "certas" coisas.
Na praia eu avistava o mar, um azul degradê e muito saturado, mas quando chegava perto ele ia perdendo seu colorido e tornava-se bege, as ondas estavam em seu estado normal, uma série de três e nada muito grande, pessoas ao longo da beira e eu e meus pais.
Conversávamos, falávamos de coisas do coração, a espuma do mar chegava até os nossos pés, íamos presentear Yemanjá, e tudo que eu via era a espuma do mar, as ondas esbarravam e eu ficava preocupada com minha baixinha, crianças brincavam, algo passava por mim na água em direção as pessoas, eu virava para o horizonte e só pensava no que eu poderia fazer por mim, já havia feito muito pelos outros e com uma rosa amarela na mão eu mentalizava, até o momento em que me sentia só, até o momento em que eu não ouvia mais nada, somente minha respiração, ao meu redor tudo estava em pausa e no horizonte o céu envolvia o oceano, depois de alguns minutos a minha introspecção era interrompida por um grito de socorro, minha mãe estava sendo atacada por um polvo gigante, entrei em desespero, pois as pessoas que estavam na beira do mar seguravam ela arrastando até a areia, a adrenalina do medo preenchia cada espaço do meu ser e com uma força sobrenatural corri e conseguir acabar com aquela guerra, levei-a a areia, ainda assustada, decidi ir embora, parti dali sem vontade alguma de voltar, a raiva me consumia e as lágrimas vinham aos meus olhos em resposta a sensação de perder-la.
Após a confusão, pegamos nossas sandálias brancas, desenterramos um balde, enchemos de água do mar para podermos banhar nossos pés antes de entrar no carro, caminhamos quilômetros de areia e eu carregando o balde sozinha até chegarmos no passeio.
Acordei desse sonho morrendo de dor no corpo, fiquei algumas horas na cama olhando o teto e repensando no que eu havia vivenciado.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Aos navegantes



Descansa Coração

Fernanda Takai

Composição: Simons & Marques / Alberto Ribeiro

Cansei de tanto procurar
Cansei de não achar
Cansei de tanto encontrar
Cansei de me perder

Hoje eu quero somente esquecer
Quero o corpo sem qualquer querer
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão

Não sei pra onde vou
Não sei
Se vou ou vou ficar
Pensei, não quero mais pensar
Cansei de esperar
Agora nem sei mais o que querer
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Varrendo a Lua - Roberta Campos



Varrendo a Lua

Roberta Campos

Composição: Roberta Campos

Você me deu, me deu a paz
e fez de mim um sonho
um sonho a mais

Você partiu o sonho em dois
e fez do amor
tudo um sonho de nós

E eu que não queria mentir
passei então a sorrir do seu lado
e eu que sempre quis te seguir
criei meu mundo, meu mundo ao teu lado

Varrendo a lua, varrendo a tua solidão
varrendo a lua, a tua solidão

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O que esses olhos enxergam?

Foto: Marcelo Santana


Difícil saber, mas gostaria de entender

O que vocês enxergam ao me conhecer
Conhecem a mim mais do que a si próprio
e não se acham capaz de assumir

Evidências comprovam
não quero ser boa pra sempre

os bons carregam um coração solitário

ávido por compartilhá-lo

Difícil saber, mas gostaria de entender
E ter um momento de enxergar
o que me dizem
e só assim saberia como agir


Preciso de uma melodia para minhas composições

posso dar o caminho lírico e as notas no ar
mas o dom de musicá-las, esse sim, não posso dar...

E assim, por diversas vezes, viro páginas escritas
as transformo em alento para abandonados corações
que batem para sobreviver com um desamor